OS RATOS, O QUEJO E A VIUVA

OS RATOS, O QUEIJO E A VIÚVA

Era uma vez, a maioria das histórias começa assim, havia uma viúva que possuía uma casa muito grande, com muitos cômodos. Como ela era muito rica, em sua casa havia um ponderável armazenamento de queijos. Era o queijo-prato, o provolone, o minas, o estepe, a mozzarella, o gorgonzola e o parmesão, chamado de “queijo duro”.

Mas, onde há queijo sempre aparecem os ratos. Eles vinham em ondas, desde os pequenos camundongos até as ratazanas mais criadas, animais enormes com quem até os gatos tinham medo de se confrontar. Gozado que as providências da viúva eram insuficientes. Ela botava empregados a cuidar, colocava as ratoeiras mais sofisticadas e comprava os venenos mais caros e nada disto resolvia o problema dos ratos, que se reproduziam cada vez mais. Um vizinho chegou a afirmar que os ratos eram um problema endêmico: estavam na casa desde que ela fora construída. O pior é que os administradores dos queijos, além de não eliminar os ratos, ainda se misturavam com eles para devorar os queijos.

A cada dia, quando a dona da casa ia ver seu estoque, ela notava que apesar de tantas providências saneadoras, os queijos apareciam roídos, evidenciando ali a presença predadora daqueles bichos detestáveis. De tanto em tanto a madame trocava os cuidadores do queijo, mas descobria que o trabalho deles era ineficaz, e muitos dos empregados além de ignorar a ação nefasta dos roedores, ainda comiam pedaços de queijo, levando as sobras para casa. Aquilo era o fim...

Um especialista chegou a sugerir que a casa deixasse de armazenar queijos, o que foi visto como uma piada de mau gosto, pois era inconcebível uma coisa sem a outra. Alguém da família chegou a responsabilizar a dona da casa pelo avanço das mordidas dos ratos.

Bem, se alguém ainda não se flagrou, é salutar esclarecer que a viúva é o Brasil, o queijo são suas riquezas e os ratos são os predadores, os ladrões, os corruptos, os maus políticos (que são maioria), os ministros e empresários safados além dos administradores incompetentes.

Os ratos nojentos, a gente sabe, ou pelo menos suspeita, quem são. Só falta relacionarmos os queijos, o que nutre as ratazanas. Em princípio acho que todos os órgãos públicos, podem ser elencados como alvos potenciais das investidas dos ratos.

Recentemente a nação constatou, assustada, o rombo que as mordidas fizeram na nossa Petrobrás. Será que é só isto? Não creio... Se não há irregularidades ainda, grandes instituições (Caixa, BB, BNDES, Correios, Receita Federal, DENIT, Igrejas e até as Forças Armadas) por vulneráveis e mal controladas podem aparecer futuramente no foco dos escândalos de corrupção. E haja queijo!