Se eu fosse o Sartori

SE EU FOSSE O SARTORI

Se eu fosse o Sartori nem tinha me metido nessa aventura de concorrer ao governo do Estado. Primeiro por causa da idade, e depois pela inexperiência: ser Prefeito de Caxias não é o mesmo que ser governador. Para brincar de avestruz o cara deve primeiro conhecer o tamanho do ovo. Se eu sei e você sabe, ele embora neófito deveria saber o tamanho da dívida do Rio Grande. Ele achou que usando o bordão com seu sotaque vêneto, “o meu partido é o Rio Graaande” ia conseguir apaziguar os contrários e dissuadir o CEPERS de sua fúria reclamatória.

Se eu fosse o Sartori, tinha investido no aumento de receitas e não no parcelamento de salários, que é o maior crime que um administrador pode cometer contra os trabalhadores (professores, brigadianos, policiais civis, pessoal da saúde, funcionários públicos e outros). Tarso, seu antecessor tinha livre trânsito na corte. Ela ia a Brasília e voltava de lá com o dinheiro. Como ia pagar não sei, mas não descontentava os trabalhadores nem ensejava revoltas, críticas e manifestações, coisas que desde o tempo do Antônio Britto não se via.

Se eu fosse o Sartori não tentava tapar o sol com a peneira, mas assumia um mea culpa de quem não soube dimensionar a real situação das finanças do Estado, e não dava o mau exemplo do calote geral, na União e no funcionalismo.

Se eu fosse o Ivo Sartori estabelecia um lúcido plano de contingenciamento, buscando uma simetria entre o que vai gastar e o que tem para receber. Primeiro estabelecendo um fluxo de caixa sério e coerente com a realidade, privilegiando as receitas (impostos, multas, cobranças, economia de gastos e receitas inorgânicas) e visando reduzir despesas, cortando despesas, enxugando o número de secretarias e órgãos estatais, a maioria cabide de empregos e ralos por onde escorre as combalidas finanças do Rio Grande. Nesses cortes, deveriam ser demitidos um bom número de funcionários (não foi aventada essa hipótese, ainda), aspones e comissionados (os famigerados CCs). Um saque numa conta especial (devedora) no Banrisul não podia ser descartado.

Se eu fosse o Sartori combatia ferozmente a inadimplência. Não é necessário aumentar impostos; basta cobrar o que está atrasado, não importa o rótulo do devedor: parceiro, correligionário, parente de político ou financiador de campanha. Tenho certeza que por aí entraria uma graninha esperta. Além disto, venderia prédios “históricos” inúteis (como o “Palacinho” da Cristóvão Colombo e outros) E se tudo isto ainda fosse insuficiente, venderia o Banrisul e alguns órgãos e “institutos”, verdadeiros "elefantes brancos", que são mais tradicionais que eficazes.

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