O Preconceito do Preconceito:

É comum em nossa época vermos e ouvirmos pessoas dizerem coisas do tipo “Não ao preconceito!”, mas será que quem fala sabe do que está falando?

Seria o preconceito uma ação consciente, de escolha do indivíduo? Não, eu digo! Antes de mais nada, é preciso separar o conceito de “Pré-conceito” do preconceito de “Pré-conceito.”

Dentre o escopo das ações humanas estão contidas alguns acontecimentos sem muita explicação, não do que são ou como são, mas por que são o que são e como o são, ações que são, de certa forma, independentes da consciência do indivíduo. Os sentimentos são alguns destes acontecimentos independentes de nossa consciência. Dentre estas ações independentes do nosso raciocínio — que são mais reações que ações propriamente — está o pré-conceito.

Pré= O que vem antes, que antecede/ conceito= conhecimento. Seria uma espécie de dedução de reação diante de um fato. Portanto, nosso pré-conceito é um ato de pré-concepção diante de um fato desconhecido, já que não faz o menor sentido supor ou deduzir algo que já se sabe. Isso, a pré-concepção, se dá por causa da natureza racional do ser humano, e que, por isso mesmo, não lida muito bem quando exposto ao desconhecimento, em parte por sua arrogância, e em parte por este senso racionalista extintivo.

O ser humano, enquanto indivíduo, possui um grupo de conhecimentos, podendo ir dos mais básicos, como a habilidade motora, aos mais complexos e intermináveis, tais como filosofia, matemática, biologia, etc. É elementar que, devido a nossa mortalidade, que não sabemos, nem poderemos saber, de tudo, uma vez que o conhecimento não é fixo e nem totalmente posto, só esperando para que o descubram, mas ele, além de ser imenso no que já se descobriu, se renova e inova dia após dia, principalmente na área científica. Desta forma, mesmo que vivêssemos um milênio estaríamos desatualizados no dia seguinte à nossa morte.

Já posto que o ser humano não lida bem com o desconhecer, e nem pode conhecer tudo, como, então, lidar com o desconhecimento em determinadas áreas? Como preencher, mesmo que “artificialmente” algumas lacunas? Simples por extinto: Pressupor. Se não tenho conhecimento em tal área, então ajunto algumas insinuações dos conhecimentos que tenho que me pareçam ter algo a ver com o assunto e, a partir desta junção, julgo o que é estranho a mim, até que eu possa adquirir o conhecimento de fato.

Então, a pré-concepção não é uma ação irracional, mas uma ação extintiva, baseadas em nossa característica humana mais particular: o intelecto. Não é algo ruim, mas também não é algo inteiramente bom, mas um extinto, e como todo extinto, é útil a nós, mas de utilidade provisória.

Mas, como no Brasil é praxe julgar algo sem conhecer nada sobre o objeto, nem se esforçar em nada para conhecer ao que se refere, as pessoas falam do preconceito sem nem saber o que o mesmo significa. Diferente do extinto de pré-concepção, que é baseado em conhecimentos de fato, o brasileiro pré-concebe, mas não pela assimilação de conhecimentos que o levem próximo do real, mas, como um animal, é como um animal que reage a estímulos de palavras, mas sem nem entender o que elas são.