A classificação

Não é novidade dizer que a guerra é um bom negócio. Altamente lucrativo. Se os povos que trazem na veia o sangue de negociantes são também os detentores de expressivo poderio bélico, necessariamente serão eles os maiores interessados na fabricação de guerras. Ou que elas não deixem se existir.

Nesse sentido, o 11 de setembro (o ataque ao WTC em Nova Iorque) favoreceu o surgimento de empresas privadas de segurança que se enriqueceram da noite para o dia com o negócio da guerra de ocupação do Iraque, dentre outras. Tornando-se talvez mais relevantes que as forças regulares do exército dos EUA e dando um “novo rosto à maquina de guerra americana”. Um rosto empresarial.

Vivemos num tempo “em que cada aspecto da vida está sendo radicalmente privatizado – escolas, atendimento de saúde, prisões, operações de segurança doméstica, inteligência, serviços municipais”. Essa última citação, encontrada no livro “Blackwater”, de Jeremy Scahill, sobre “o exército mercenário mais poderoso do mundo”, não diz respeito a uma prerrogativa dos países mais avançados. Trata-se da tendência natural de um mundo que curiosamente consideramos moderno. Em que o dinheiro assume cada vez mais um gigantismo sem condições de ser contido.

Políticas conservadoras e neoliberais têm tudo a ver com o acirramento dessa guinada materialista que implica na redução da importância do ser humano. Daí, por exemplo, civis inocentes serem indiscriminadamente assassinados por forças mercenárias privadas de segurança por esse mundo afora sem que os autores desses crimes sejam responsabilizados. Ao contrário, em muitos casos tais forças privam da imunidade que lhes é concedida pelos países a que servem, dada à influência política dessas potências no cenário mundial e ao seu poderio bélico-nuclear.

A propósito: imunidade e impunidade – o casamento perfeito. Cujos resultados não poderão deixar de ser, antes de mais nada, a injustiça e a corrupção:

Injustiça que se verifica com a possibilidade de mudança de governos e anexação de territórios pelos países com maior poder de fogo do planeta, mediante o auxílio de forças privadas de segurança por eles contratadas. E corrupção (e também injustiça) como no caso brasileiro, onde o cidadão comum é preso e condenado por crimes às vezes de menor importância, enquanto políticos, juízes e poderosos dispõem de instrumentos como o foro privilegiado – quando não, de dinheiro ou tráfico de influência – para a sua proteção no cometimento de crimes muitas vezes muito mais expressivos e danosos para a nação.

Essa realidade sujeita os países a uma classificação, tendo alguns na ONU prerrogativas que outros não têm, como o direito de veto. Como também sujeita os cidadãos a diferentes tipos de categoria como 1ª, 2ª, 3ª... ou nenhuma.

Rio, 14/01/2016

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 14/01/2016
Reeditado em 15/01/2016
Código do texto: T5510622
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