Chororô

Recebo e-mail de “renatuchoa.blogspot.com.br” versando sobre o recado de José Dirceu ao Brasil. Nele se lê, entre outras coisas, que “O gagueiro juiz (Sérgio Moro) se viu diante de um consultor técnico, mas, sobretudo político, que sabe tanto de sua função nessas duas dimensões que a espessura de seu depoimento a Moro foi ganhando robustez (...) para mandar um recado à militância petista para jamais se entregar ao desânimo, porque ele próprio não se entregou”.

Lê-se ainda que “o tonto e azoado juiz, Moro, ficou inerte enquanto Dirceu crescia em seu depoimento, afirmando sua história e determinando o tamanho do juiz e o seu tamanho diante da história da democracia brasileira”.

Devo dizer que fui dos que li o livro do Dirceu e do Wladimir Palmeira e, na época, comparei-os a heróis, sobretudo o Dirceu, que entrou metamorfoseado no Brasil, ou teria sido assassinado pela abjeta ditadura que muito de nós deploramos.

Só que agora não dá pra acreditar, sem mais nem menos, nesse discurso do e-mail ou no recado do Dirceu; ou em que grande parte da população brasileira não está passando fome, com a inflação a mais de dois dígitos e os preços disparando nos supermercados; ou na tibiez ou atordoamento do juiz Sergio Moro simplesmente porque ele resolve cumprir com o seu dever - é o que supomos - sem deixar de respeitar os direitos de defesa dos acusados, como foi feito no Mensalão.

Não adianta também assinalar que o S. Moro foi palestrar em Curitiba “ao lado de Gareth Moore, Cônsul do UK”, procurando atrelá-lo à direita, ao neoconservadorismo ou à elite tradicionalmente espoliadora. Se ele tivesse absolvido todos os acusados do PT, ainda que atrelado à elite espoliadora, hoje estaria provavelmente sendo endeusado pela militância do partido.

A questão é a seguinte: volte o PT a empunhar a bandeira que desfraldou por ocasião da sua fundação, trocando a retórica anti-corruptiva por ações efetivas, e certamente terá com ele a esmagadora maioria da população brasileira. Caso contrário, há grandes chances de a conta fechar, no mínimo, em torno de 50%.

Rio, 14/02/2016