PT e PSDB partidos “irmãos”?

Quando se observa a conjuntura política do país fato claro veem em nossas mentes. A rivalidade política estabelecida pelo PT e pelo PSDB nos últimos tempos, algo que se configura quase como um bipartidarismo em pleno pluripartidarismo quando se trabalha sobre a ótica eleitoral do país.

Mas, apesar de uma rivalidade tão presente, chegando até mesmo a posições de ódio em alguns pontos do discurso quando se trás o embate político para o campo ideológico as diferenças são deixadas de lado, e denota algo que para muitos não soa sobre nenhuma lógica, ou seja, PT e PSDB são “irmãos” ideológicos, fazendo-os iguais ideologicamente. Algo que quebra literalmente a posição antagônica que esses partidos estabelecem sobre o cenário eleitoral no país.

A formação ideológica dos partidos parte do principio da Social Democracia, conotação que o PSDB trás até mesmo em sua nomenclatura “Partido da Social Democracia Brasileira”. Essa Social Democracia pode ser entendida como: - “uma ideologia política que se apoia em intervenções econômicas e sociais do Estado com o intuito de promover a justiça social nunca descartando o principia do capital, é uma política que se envolve perante a questão do Estado do bem-estar social propondo regulamentações que promova o bem geral da população, pregando uma distribuição de renda igualitária e um compromisso para com a democracia representativa”.

Levando em consideração essas bases, podemos dizer que a Social Democracia é uma corrente ideológica de esquerda, transformando PT e PSDB ironicamente em partidos de esquerda no Brasil.

Essa conotação direcionada pela Social Democracia que se faz presente em ambos os partidos é possível de observação quando se analisa a conjuntura estatuaria dos denominados partidos, que trás ao longo dos seus primeiro e segundo artigos princípios totalmente iguais no que diz respeito a sua configuração e suas bandeiras de luta política.

Veja:

Artigo 1 do Estatuto do PT “democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático”.

Artigo 2 do Estatuto do PSDB “a consolidação dos direitos individuais e coletivos; o exercício democrático participativo e representativo; a soberania nacional; a construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades; o respeito ao pluralismo de ideias, culturas e etnias; e a realização do desenvolvimento de forma harmoniosa, com a prevalência do trabalho sobre o capital, buscando a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais”.

Se usarmos o principio da interpretação torna-se possível perceber que ambos os partidos trazem em sua postura política ideológica os mesmos princípios e ideias de luta política. Ou seja, são literalmente “irmãos”. E como bons “irmãos” travam brigas de cunho particular e de vaidade.

Afinal de contas, PT e PSDB nunca foram tão “inimigos” assim, e há exemplos bem simples para entender que durante algum período da história política do país os dois tiveram lado a lado como bons “irmãos” lutando por causas únicas. Em 1989 nas eleições para presidente da República, o então candidato derrotado no primeiro turno, Mário Covas (PSDB) levou o seu partido a apoiar a candidatura de Lula (PT) no segundo turno daquelas eleições, que acabou sendo vencida pelo candidato da direita, Fernando Collor de Melo. Além das eleições de 1989, na campanha para o Senado em 1978, ainda durante o Regime Militar, lideranças dos futuros partidos PT e PSDB se uniram para buscar a eleição de Fernando Henrique Cardoso ao posto de Senador pelo Estado de São Paulo, ali Lula e FHC subirá no mesmo palanque para fazer coro à vitória de FHC, além dessa concepção política, é importante levar em consideração que Fernando Henrique (sociólogo) foi formado academicamente perante uma escola marxista das ciências sociais, tendo como mentor o fundador do PT, professor Florestan Fernandes.

Mas, o que os levou a se tornarem tão diferentes no tempo presente? E os motivos que faz com os dois partidos se fixem sobre uma tutela de guerra de egos pelos poder no Brasil recente? A resposta é bem simples, o PODER. E essa concepção pela hegemonia do poder se idealizou em São Paulo, quando membros do PSDB passaram a tratar o PT como elemento criminal, nascendo a partir desse momento muito mais que um debate ideológico, mas sim um debate de ódio, que leva a situações lamentáveis.

Essa situação que liga PT e PSDB demonstra algo que se faz muito presente no cenário político brasileiro, a falta de um debate ideológico real, hoje em nosso país, que vive sobre o estigma de uma gama de partidos não trás para o cenário político princípios ligados à base ideológica. Com raras exceções, nenhum partido brasileiro consegue realmente configurar aquilo que internamente trás de ideologia para o campo do embate político. Algo que transforma a nossa política em uma mera disputa pelo poder baseado em interesses muito mais particulares do que coletivos e de interesses comuns.

Agora pare e pense.

Se há uma concepção ideológica que liga PT e PSDB, afinal o que seria realmente à esquerda nesse país? Ou seja, se um hoje midiaticamente é dito como a esquerda e outra direita, fica extremamente difícil analisar os partidos brasileiros sobre essa configuração (direita x esquerda), porque, ser de direita e ser de esquerda esta muito mais além que simplesmente estar ou não estar no controle político do país, é algo que se denota sobre um víeis ideológico, e nesse sentido temos que ser bem claros, PT e PSDB são iguais.

O que muda nos dois partidos, é que ambos tiveram suas chances no controle político, o PSDB não colocou em prática aquilo que trás ideologicamente em seu estatuto, e estabeleceu um governo de cunho Neoliberal e transformou a economia do país no “puxadinho” econômico de forças do capital estrangeiro, e deixou de lado a política social. Já o PT quando tomou as rédeas do controle político buscou construir um projeto político de formatação da política do Bem estar-social, principalmente nos anos de Lula. Fato que foi deixado de lado no recente governo Dilma. Assim, podemos concluir o seguinte, ambos tiveram suas oportunidades e no jogo político o PT na “Era Lula” estabeleceu um discurso e uma proposta de governo que mais se aproximou de suas bases ideológicas, mas mesmo assim, deixou de lado muitas questões que poderiam ter sido pelo menos debatidas, mas para não ferir o capital, foram deixadas de lado.

Conclusão final. Ideologicamente será sempre difícil imaginar a postura política dos partidos brasileiros. FATO!

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 22/02/2016
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