Essa é uma atitude temerária, presidente !

Tudo bem, nada contra o direito inalienável da pre-

sidente da república em manifestar sua solidariedade com relação a uma figura tão representativa do partido a que ela está vinculada (PT), como é o caso do ex-presidente Lula. Mas daí a convidá-lo (e até insistir neste sentido) para que ela assuma um ministério em seu governo, há uma distância considerável, representando (mais) uma atitude imprudente e temerária.

Como - todos os sites de notícia o confirmam - ela acompanhou, no dia 13/03, lá do Palácio, todo o desenrolar dos pro- testos, pôde observar que foi quase uma unanimidade, em todas as faixas exibidas, o repúdio à figura do Lula, talvez até maior que o repúdio a ela manifestado.

Diante disso, poucos dias depois ela convidá-lo (e até insistir em tal pedido) a integrar o seu governo, ela demonstra fal-

ta de tato políticos, pois que tal atitude será interpretada como uma

afronta aos objetivos das manifestações.

Obviamente que há de se reconhecer que, dada a

gravíssima situação de desgaste político a que ela está submetida, a

presença do Lula num dos ministérios poderia representar um reforço

anti-impeachment, já que -queiramos ou não, temos de reconhecer -,

muitos são os políticos que são pró-impeachment mas que, estando

Lula na equipe ministerial da presidente, talvez revissem sua opção.

Ainda assim, a confirmação dele como ministro é, sem sombra de dúvida, uma decisão temerária para a presidente, com

riscos (Deus não o permita) de convulsão social, com sérias conse-

quências à ordem pública (uma pequena mostra disso deu-se ontem

à noite, tão logo se teve notícia da nomeação dele e do teor do tele-

fonema que antecedeu tal nomeação).

Agora, presidente, lhe restam duas opções :

- Anular a nomeação e tentar administrar o melhor possível o pro-

cesso de impeachment (diga-se de passagem, a presença do Lula

num ministério não garante a impossibilidade da deflagração do

impeachment), mas, pelo menos, a Sra. conseguiria conter o clima

de discórdia que essa nomeação dele provocou;

- Manter sua decisão e aí...rezemos !