DESAFIO

DESAFIO

Nossa vida humana é sempre plena em desafios e contestações. Sempre há alguma coisa, algum evento ou fato novo a nos desafiar, a testar nossos limites. No Brasil, de uns tempos para cá ocorrem manifestações e protestos populares contra alguma coisa, algum fato que é capaz de gerar contrariedades ao povo. Lamentavelmente, do bojo desses protestos se constata que há palavras e atos que caem no vazio.

Os manifestantes usam os meios de comunicação (os MCS) hoje chamados de “redes sociais” para convocar e mobilizar o povo, especialmente os jovens, usando muitas vezes um excesso de tecnologia, e hoje a sociedade não aprova mais esses movimentos, o que se converte no grande desafio, pois a repetição de atos de pouca consistência cai no vazio das palavras ocas e trazem uma baixa credibilidade à causa. Os jovens envolvidos nesses protestos muitas vezes não sabem o que fazer para levar adiante seus movimentos. Eles dão o start inicial para o protesto, muitas vezes justo e bem intencionado que, por falta de consistência ideológica, vai perdendo terreno para desordeiros, bagunceiros, mascarados e blockbusters.

Os protestos vão desde a repulsa ao preço das tarifas dos ônibus, até problemas de liberdade no Irã e valor da comida no “restaurante universitário” onde eles não estudam. Na terça-feira passada eu vi, no centro, depois de um protesto por preços das passagens, vários jovens embarcando em seus automóveis e rumando para suas casas.

As pessoas lamentam que o que parecia pacífico, de uma hora para outra vira tumulto, atraindo a polícia e a execração popular. Em geral, não são as mesmas pessoas que participam das duas fases Na primeira estão os jovens, idealistas e comportados, que defendem algum projeto, como crítica à corrupção, às deficiências dos serviços públicos e outras mazelas que afetam a vida das pessoas. Dali a pouco, parece que escondidos na esquina, surgem os arruaceiros, que quebram vitrinas, incendeiam veículos e criam uma série de desordens.

Aí surge a questão: como é que essas manifestações que começam de forma pacífica terminam em quebra-quebra e depredações? Acontece que existem dois públicos: os ordeiros misturados com os baderneiros. Os jovens ingênuos e bem intencionados, de uma hora para outra são engolidos pelos agitadores, pelos mau-caráter e gente sem nenhum compromisso com o social e com o bem comum.

Este é o grande desafio posto diante de nossos jovens: lutarem pelas reformas e pela correção do modelo social, denunciando o que está errado e propondo soluções, sem se deixarem levar pela violência que gera o descaminho e a bagunça. Cabe aos pais, professores, comunicadores sociais e lideranças religiosas alertar a juventude para que não embarque nessa canoa furada.