Curriculum
Os atos na vida de uma pessoa estão registrados. No vento, no tempo, em datas, em atas.
A presidente Dilma tem uma história como cada um de nós temos a nossa. Não é qualquer um que pega em armas contra uma ditadura cruel, implacável, impiedosa e que obedeceu a um conjunto de procedimentos comuns concebidos internacionalmente para o chamado Cone Sul – alguns países da América do Sul.
Depois de submetida aos humilhantes ultrajes da tortura, a cidadã Dilma, com base nos sagrados princípios democráticos, assume a posição de maior mandatária do país, surpreendendo talvez muitos dos seus anteriores opositores e torturadores. Tal como surpreendeu a elite, e mesmo a nação, a eleição de um cidadão praticamente sem a instrução que seria a recomendada para a presidência do país.
Ocorre que agora é acrescentada à história de Dilma, assim como à história de Lula, uma série de indecorosos acontecimentos, todos relacionados a uma abusiva e ultrajante corrupção, cujo resultado é a indignação da população ou das pessoas afetadas diretamente pelas decisões e ações de seus governantes. Dentre eles, Dilma e Lula, os principais.
É tudo muito simples. Como tudo na vida, as pessoas mudam. A árvore, um ser vivo, cresce e muda. As construções, seres concretos e não naturais, também mudam ao longo do tempo, adaptando-se a novos estilos de vida e a novas concepções artísticas.
Temos, portanto, que Dilma e Lula, e Dirceu e outros, como tudo na vida também mudaram. Seus currículos têm outros dados, notoriamente contrários a posições anteriormente por eles assumidas. Se quisermos encontrar nessas lideranças as mesmas pessoas em quem um dia chegamos a confiar, talvez nos seja difícil concordar com o grande Oscar Wilde, para quem "a coerência é a virtude dos imbecis". Mas ao mesmo tempo, ou logo em seguida, vamos verificar que Wilde nunca deixou de ter razão.
Rio, 09/04/2016