O CAPÍTULO DO IMPEACHMENT

Fernando Collor de Mello deve estar rindo à toa. Exultante de felicidade. Quando nossos livros de História contarem o capítulo do impeachment, o seu nome não estará sozinho. Collor terá a companhia de Dilma Rousseff.

Para desmitificar o que está acontecendo, é necessário recorrer a 1992. Lá o principal protagonista era o defensor da ética e da moral. Agora o mesmo protagonista é o acusado. E mais estranho. Os discursos que cabiam lá, não cabem aqui.

A partir da entrevista do irmão, dizendo que Collor era corrupto, a maldição política se abateu sobre ele. Capitaneados por Lula, o Partido dos Trabalhadores e uma avalanche de siglas obrigaram o “caçador de marajás” renunciar.

Até hoje não há provas das acusações que levaram a abertura do impeachment contra Collor. Precisa? Claro que não! Quando os políticos decidem tirar alguém do poder, até um “pum” daqueles não muito fedido, se transforma num grande motivo.

No impeachment de Collor não ouvimos o Partido dos Trabalhadores gritar “golpe”. Ninguém estava rasgando a Constituição. Muito menos estuprando a democracia. Estava tudo de acordo com as leis. Foi legítimo. Até o vice Itamar Franco. Hoje não.

A presidente Dilma e o PT, tinham a exata consciência do que poderia acontecer se terminassem o casamento com Eduardo Cunha. Mesmo sabendo que o marido não prestava. Apostaram que poderiam chorar nos ombros dos amigos dele. E seriam confortados. Só que os amigos apoiaram o ex-marido. E a esposa chupou o dedo.

Quando Eduardo Cunha, o ex-marido malvado e traidor colocou o impeachment para andar, não tinha mais volta. Foram as “pedaladas”, mas a essa altura do campeonato, até de novo um “pum” não muito fedido seria motivo suficiente. Já disse isso muitas vezes. Nunca confie a chave da sua casa ao PMDB. Cedo ou tarde, ela será arrombada.

Rápido, outros aliados também foram abandonando a presidente. Para alguns analistas Lula tinha cacife para reverter o jogo. Só que entrou em cena tarde demais. Fato é, que seu cacife está na reserva. E é muito provável que precise dele para uso próprio.

Sou de opinião que Lula está mais preocupado com sua biografia, do que em salvar a presidente. O desejo de muitos petistas é extirpar a criatura criada por Lula da História do partido. Dilma será uma mancha assombrando para sempre os dois lados do Brasil.

A ladainha do “golpe” ficou na boca de quem tinha muito pouco a dizer, ou defender. Na votação do início ao fim, talvez, percebe-se que o “golpe” sempre esteve presente. A defesa do governo Dilma não. O motivo disso é uma incógnita. A outra, é por que Minas Gerais de Aécio elegeu Dilma em 2014. Isto me assombrará por muito tempo.