Toda a tropa de choque

Como pode um senador do PT defender um político como o Renan quando este político, com todo o currículo que tem, "pensa em mudar a lei da delação premiada?"

Os senadores de diferentes partidos minimizaram o que foi revelado nas gravações entre o Renan e o ex-senador Sérgio Machado. Por uma razão muito simples: os políticos estão assustados. Estão todos com medo do que possam revelar essas delações premiadas além do que já revelaram. Inclusive políticos do PT, preocupados com o Lula e a própria Dilma, conforme o teor das gravações veiculado pela mídia.

E os que não têm foro privilegiado têm verdadeiro pavor do juiz Sérgio Moro. Daí a importância que tem o foro privilegiado, prerrogativa de que os políticos jamais abrirão mão. Alguns são nomeados inclusive somente para poder gozar dessa vantagem, que só eles têm, e não correr o risco de serem presos.

Alguns cometem o exagero de comparar a delação premiada à tortura. Querem, na verdade, com isso eximirem-se da possibilidade de serem inculpados, o que não ocorreria se nada tivessem a temer.

A delação premiada, portanto, passou a não interessar a ninguém. Até o Sarney, que andava escondido, apareceu de repente, prometendo ajudar o ex-presidente da Transpetro. Provavelmente no sentido de que ele e outros deixem de falar tanto. A partir da influência do bigodudo, que nunca foi pequena, junto até mesmo ao STF. Sarney deve estar com medo também.

As cínicas declarações de senadores petistas e de outros partidos, procurando suavizar o que foi revelado pelas gravações, são simplesmente a demonstração de que praticamente todos os políticos com certa influência estão envolvidos em algum tipo de ato ilícito. Mais uma vez, e sempre, farinha do mesmo saco.

A sociedade queda-se estarrecida. Valeria a pena um protesto contra tudo isso. Uma defesa intransigente da Operação Lava Jato por parte da sociedade seria mais importante que um ato contra ou a favor do impeachment. Ou por quanto tempo ainda deveremos nos conformar com a sujeira sendo mantida sob o tapete?

Rio, 25/05/2016