SOBRE O PAGAMENTO DE IMPOSTOS PELAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS

Este artigo tem origem em um artigo de meu querido colega de RL, Rorscharch, intitulado Dinheiro para Deus. Discutimos a questão do pagamento de impostos por instituições religiosas. Transcrevo aqui meu comentário e o e-mail que mandei para ele. O classifiquei como um artigo político porque mesmo ele tratando de questões filosóficas e teológicas, trata-se principalmente de uma relação de uma esfera da sociedade com outra e o Estado:

Olá Rorscharch! "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus". Concordo com suas ponderações. A verdade é que as instituições religiosas sérias não se oporiam a pagar impostos. Na verdade estas até gostariam, pois seria uma forma de distingui-las das outras. Mas o engraçado é que estas seriam as mais penalizadas. Os "lobos em pele de cordeiro" continuariam a agir da mesma forma. Um abraço!

É difícil imaginar isso acontecendo justamente porque estes templos usam bem o dinheiro. A que eu frequento têm como "norte" de que deve se preocupar apenas com a parte espiritual, socorrendo com assistência apenas os casos mais graves. Só que ninguém recebe nenhum pagamento para trabalhar ali. Não se pede dízimo, não se fazem "bazares", mas mesmo assim sobra bastante para construção de templos. Para um crente esse é o melhor investimento possível ("Buscai primeiro o reino de Deus, e toda sua justiça. E tudo o mais vos será acrescentado"). Mas outras fazem verdadeiros milagres com o dinheiro que angariam. Os franciscanos, que fazem voto de pobreza, tem obras assistenciais maravilhosas. Digam o que quiserem sobre a Igreja Católica, se colocar na ponta do lápis o que ela recebe com o que ela devolve para a sociedade, tenho certeza que se sairá muito melhor que o Estado. Assim como várias instituições espíritas de caridade. As sinagogas e mesquitas também. Todos estes sofrem com o enorme preconceito que os pilantras provocam na sociedade. Pagar impostos seria uma forma de amenizar isso. Apesar que o sentimento anti-religioso de tudo se aproveita. O engraçado disso é que o maior filósofo do ateísmo, Nietzsche, quando demonstra que diante das descobertas modernas a ideia de um Deus que se preocupa com a vida individual das pessoas é absurda, o faz com tristeza. É com preocupação que afirma que "Deus está morto", pois prevê que o próximo século será das maiores guerras e atrocidades já vistas. Acertou, foi o século XX, com suas duas guerras mundiais e seus massacres. Engraçado também que outro enorme defensor do ateísmo, Sartre, vai beber justamente no filósofo que justifica a fé, Kierkegaard. Este aceita que a ideia de se ter fé em algo espiritual é absurda, mas aceita-la como verdade é o que justifica o crente. Afinal, "sem fé é impossível agradar a Deus". Mas é através da nossa existência que provamos a existência de Deus. Essa é a origem do existencialismo. Que ele vai usar na sua defesa constante do comunismo totalitário soviético. E, provocando um pouco, acreditar na "mão invisível do mercado" não é um tipo de fé no absurdo também? Rs

Um abraço!

Aristoteles da Silva
Enviado por Aristoteles da Silva em 19/08/2016
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