Governo Temer

Verdade seja dita: se alguém me dissesse, em 2014, que haveria uma chance maior que 1% de o Temer assumir, eu certamente não teria anulado o voto, e sim votado no Aécio Neves. E Deus sabe o quanto detesto o Aécio.

O presidente, ou melhor, o "Carlos Magno" reiterou nos últimos dias sua disposição no combate à corrupção, o que me pareceu um espetáculo grosseiro de cinismo. Se o Temer fosse afastar todos os envolvidos em escândalos, ele deveria ser o primeiro a renunciar. Afinal, seu nome já foi citado diversas vezes na Lava Jato.

E os grupelhos que se mostravam indignados com a corrupção, hoje, não se fazem mais ouvir. Ou quando fazem, é com a intenção de propagar os feitos "positivos" do Governo. Na minha opinião, isto é temerário, pois ser contra a corrupção e apoiar o Governo Temer encerra uma contradição. A atual inércia desses grupos faz dar razão a Nelson Rodrigues: no Brasil quem não é canalha na véspera, é no dia seguinte.

Na época do Juscelino Kubitschek, tinha-se um plano de metas; hoje, temos um plano de merda. As reformas trabalhistas, por exemplo, são uma aberração. Dizer que vai privilegiar o acordo coletivo em detrimento do legislado não tem fundamento. Não há acordo entre patrão e empregado em condições justas.

Outra questão é o contrato de trabalho por produtividade. Isso eu até já acho uma boa ideia, desde que seja implementado no Congresso Nacional. Vejam bem, amigos, se os salários dos políticos fossem determinados por quanto eles produzissem, deveríamos pagá-los com ticket de refeição, vale compra, etc.

Só defendo reformas trabalhistas no sentido de ampliar os direitos dos trabalhadores. Mas segundo a Fiesp e a CNI, patrocinadoras do impeachment, a CLT é paternalista. Ou seja, querem fazer o Brasil retroceder à Republica Velha. Os tempos áureos das elites, nos quais a questão social era caso de polícia

Enquanto isso, O MBL tenta argumentar com seus seguidores o quanto eles ganhariam com o fim do salário mínimo, INSS, FGTS, 13°, jornada de 44 horas, etc. Alguns deles se sentiram tão convencidos que imediatamente rasgaram suas carteiras de trabalho.

Este Governo, como podem ver, é maldito desde o ventre, tanto assim que nem o Papa quis abençoá-lo; longe disso, fez questão de manifestar sua preocupação com a nossa situação. Assim como os ianomâmis fizeram ritual para saída de Romero Jucá, “o maior inimigo dos povos indígenas do Brasil”, devemos recorrer às forças sobrenaturais para nos livrarmos do Temer.

Eles têm Malafaia e Feliciano, nós temos os ianomâmis.

Estevão Júnior
Enviado por Estevão Júnior em 14/09/2016
Reeditado em 15/09/2016
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