O MURO DA "LAVA-JATO"

Da mesma maneira que não acreditamos em promessas de políticos, também não devemos acreditar no que eles falam sem prometer nada. Diante dos holofotes e dos microfones todos dizem apoiar a “Lava-Jato”. Que querem o fim da corrupção.

É mentira. Quando estão reunidos nos gabinetes com as portas fechadas, o conteúdo das conversas é outro. Todos buscam a “solução final”, para colocar um fim definitivo na operação. Se pudessem prenderiam Sérgio Moro e sua “quadrilha” por muitos anos.

Esses gabinetes estão nos três poderes. No legislativo, no executivo e no judiciário. Começa com deputados e senadores. Passa pelo Presidente da República. E termina com os ministros do STF.

Para os procuradores da Lava-Jato, uma rede de corrupção tão complexa, jamais poderia ser comandada por um subordinado qualquer. Só alguém na condição de “ser intocável” seria capaz. E neste aspecto, ele pode perfeitamente se comparar com Jesus Cristo.

Parece que os inquilinos dos gabinetes resolveram assinar uma medida protetiva, proibindo os procuradores de chegarem a uma certa distância deste “ser intocável”.

Nas duas vezes em que isto aconteceu, eles passaram de acusadores a acusados num piscar de olhos. Só faltou os inquilinos dos gabinetes saírem protestando pelas ruas, gritando palavras de ordem em defesa do “ser intocável”.

Lembram-se de quando o ex-presidente Lula, foi buscado em casa numa “condução coercitiva”? Os inquilinos dos gabinetes comparam aquela atitude a quase uma caminhada em via-crúcis do conduzido. Para todos foi um abuso de poder.

O mesmo aconteceu na semana passada, quando formalmente o ex-presidente foi acusado de comandar a corrupção no Brasil. De novo, os inquilinos dos gabinetes ficaram incrédulos. Todos tinham certeza de que existia um chefe. Um comandante. Mas Lula? O nosso “ser intocável”? Não, isto é impossível.

E para proteger o “ser intocável”, os inquilinos dos gabinetes trataram de levantar um pouco mais o muro. Ajudou muito o espetáculo de picadeiro da acusação e defesa. Muitos adoram promover palhaçadas no Brasil. Fato. Se palhaçadas têm chefes e comandantes, a corrupção também tem. Com maior probabilidade para os “intocáveis”.

Os juristas analisaram a acusação pouco técnica. Os adjetivos usados causaram perplexidade, e as denúncias soaram exageradas. “Espetaculoso” para o Supremo. Uau! Neste momento, o mundo político brasileiro deseja apenas uma coisa. Acabar com a “Lava-Jato”. Afinal, os gabinetes dos inquilinos poderão ficar vagos. Muitos deles temem o mesmo destino do comandante. E sabem que não são intocáveis.