Questão de hábito

Nem todo político é corrupto, mas a corrupção no Brasil tem sido sistêmica. É difícil entrar num chiqueiro e sair dali totalmente limpo.

Senado, Câmara dos Deputados e dos Vereadores são casas em que práticas criminosas são exercitadas com regularidade. Ainda que não sejam por todos.

O Senado dispõe inclusive de uma polícia destinada a livrar seus integrantes de dispositivos legais que possam incrimina-los ou contribuir para apuração de seus delitos, como sucedeu agora com o quarteto Sarney, Collor, Edison Lobão e Gleisi Hoffmann.

As Dez Medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal não deverão ser aprovadas na sua totalidade pelo Senado. Basta ver a indisfarçável preocupação de seu presidente Renan Calheiros com as ações perpetradas pelo MPF envolvendo políticos corruptos. E a reação dele quando a Polícia Federal prendeu agentes da Polícia do Senado na questão da varredura nas casas de senadores. Logo ele, Renan, incurso e sob investigação em inúmeros processos em tramitação no STF.

Moro, Dallagnol et caterva não são deuses, é claro, mas presume-se que estejam empenhados na maior contenção possível de práticas abusivas cometidas por poderosos e na configuração de uma democracia a que nunca estivemos habituados. Basta ver as pungentes reações contrárias a esses magistrados por parte dos que defendem políticos cujo comprometimento com atos delituosos torna-se cada vez mais transparente.

Rio, 25/10/2016

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 25/10/2016
Reeditado em 26/10/2016
Código do texto: T5802438
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