O pensamento imperial

Por mais que tenhamos a impressão de que tudo se desenvolve hoje de forma tranquila, com respeito à Ordem Mundial [o que não é verdade, tendo em vista a bestialidade sangrenta que se propaga pela Síria], e que, por exemplo, ditaduras como a implantada no Brasil em 1964 não tenham mais chances de ocorrer, convém não nos esquecermos de que continuam totalmente em vigor certos preceitos por parte daqueles que se acham de posse do controle do sistema econômico mundial. Dentre eles, os que podem ser enunciados da seguinte maneira:

“Nós somos a favor da independência, desde que ela seja estabelecida no império de outros povos, não em nosso império”.

Nós somos a favor das liberdades civis, da reforma agrária, de ações que redundem no fortalecimento da economia de uma nação, desde que nossos interesses e os de nossas empresas na região não sejam afetados.

Nós somos a favor de que qualquer nação tenha a autodeterminação que tiver, desde que essa autodeterminação esteja dentro daquilo que possamos admitir.

Nós somos totalmente a favor da democracia, desde que seja ela estabelecida em outros países nos limites do que possamos aceitar.

Nós somos a favor de que as nações em desenvolvimento escolham seus governantes, desde que eles sejam de nossa total confiança.

Esses são alguns pontos do pensamento geral que deveria preocupar os canais mais esclarecidos do mundo em desenvolvimento. As discussões internas a respeito dos melhores governantes (fora este, dentro aquele, etc.), mesmo levando-se em conta os declaradamente entreguistas, poderiam se situar num plano secundário em relação às imposições sempre prestes a se desencadear sobre uma nação do Terceiro Mundo. Ou seja, o perigo se encontra contextualmente muito mais lá fora do que propriamente dentro da nação. Porque qualquer ação que não se enquadrar na tábua rasa de procedimentos a serem observados, venha de que lado for, não será tolerada pelos que se acham na condição (de desenvolvimento e poderio bélico) de ditar o que é melhor para todos, não sendo necessariamente o melhor para eles.

Rio, 07/01/2017

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 09/01/2017
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