A ENCRUZILHADA DO RETROCESSO

A revista Veja dedicou sua reportagem de capa da edição que chegará às bancas nesta semana a Jair Bolsonaro. A manchete é: “A ameaça Bolsonaro”. Apresentado como um perigo por suas ideias extremistas e seu isolamento político.

A reportagem chega ao cúmulo de apresentá-lo como “a maior ameaça que o Brasil já enfrentou no atual ciclo democrático. E a “TV Veja” editou um vídeo de quatro minutos com suas ideias extremistas.

Até entendo a revista, porém, conhecendo a sociedade brasileira, nosso nível politizado, ler ideologismos como “direita” e “esquerda” chega a ser hilariante. Plagiando uma palavra usada, e confesso desconhecia, gargalhava às “escâncaras” à medida que lia a reportagem.

Que se revela assustada com a vice-liderança de Bolsonaro nas pesquisas batendo nos 17%. O que equivale a 30 milhões de votos. Apesar de jamais receber meu voto, meu temor não é a ameaça Bolsonaro. O que me assusta foram os desdobramentos políticos que levaram a essa ameaça que a revista enxerga.

Chegamos na encruzilhada do retrocesso olhando para o cenário desastroso a nossa espera em outubro de 2018. Escolher o futuro presidente do Brasil entre Lula e Bolsonaro. A ameaça finalmente se transformaria em tragédia.

Se com os atuais 30 milhões de votos a revista Veja enxerga nas ideias extremistas de Bolsonaro uma ameaça, o que dizer então dos 60 milhões de votos que a matemática das pesquisas dá a Lula. Que se não foi o mentor intelectual por falta de capacidade, avalizou a corrupção explícita no Brasil.

Claro que existem outros motivos e culpados pela escolha trágica que hipoteticamente teremos de fazer. O que nos empurrou para este retrocesso sem precedentes foi a classe política se apegando ao poder. E diante dos olhos da sociedade hipnotizada, fazendo dele uma tábua de salvação. Uma fuga desesperada da justiça ajudados, muitas vezes, por quem deveria fazer justiça.

Encabeçando a lista desses culpados estão PMDB e PSDB. Bem ou mal nossos maiores partidos políticos eram responsáveis por um certo equilíbrio no jogo do poder. Isso acabou. É errado dizer que resolveram se abraçar na lama. Eles até se esforçam para sair. Infelizmente estão atolados. Sujos, ninguém consegue ser visível. Nem salvo.

Definitivamente não vejo Bolsonaro como uma ameaça. Sem apoio político ele será um candidato em potencial a seguir o mesmo destino de Collor de Mello e Dilma Rousseff. Já com Lula, o enxame de corruptos se reuniria novamente para proteger o rei em busca de recompensas. Comprovando o retrocesso, no caso de nenhum dos dois, quem?