Vamos falar de Ciro Gomes!

Ciro Gomes Ferreira está prestes a disputar a sua terceira eleição presidencial, lembrando que o mesmo participou de duas campanhas consecutivas, 1998 e 2002, a diferença é que, o Ciro das duas primeiras eleições era visto como “garoto prodígio” da política brasileira, hoje ele é visto como uma das personalidades do meio político mais integra e serenas, e trás consigo nesse instante uma experiência política que o coloca como um dos mais preparados para um debate político institucional.

Diferente de outros pré-candidatos Ciro Gomes não é um mero aventureiro no jogo político, é um dos poucos que já vivenciou experiências em todas instancias do poder público e que ainda consegue nesse ambiente totalmente antipolítico se colocar como gestor, já que, além da vida pública trás consigo uma carreira de executivo na iniciativa privada, tendo trabalhado como administrador em empresas como a CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, cargo que ocupou até recentemente quando decidiu reingressar na política com a ideia de estabelecer um novo projeto político no Brasil baseado no principio do nacional desenvolvimentismo.

Atualmente Ciro Gomes é vice-presidente nacional do PDT (Partido Democrático Trabalhista), um partido histórico por ter sido a instituição partidária de personalidades como Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, mas Ciro partidariamente é um político que passou por algumas dezenas de partidos políticos, ele sempre diz que mudou acintosamente de partidos pelo fato dos mesmos não atenderam o seu ideal e suas perspectivas políticas, deixando de lado esse ponto, o então pré-candidato já teve em partidos como PDS, foi nesse partido que iniciou sua carreira política, passando posteriormente por PSDB, PPS, PROS e agora PDT, ou seja, houve muitas mudanças de panorama político partidário, o que pode remeter a um questionamento, afinal, qual é o verdadeiro espectro ideológico de Ciro Gomes?

A esquerda clássica brasileira denomina Ciro Gomes como um oligarca da antiga política, se analisar o histórico familiar na política podemos até concordar com a denominação, mas isso não vem ao caso nesse instante, assim sendo, para esses que chamam Ciro de oligarca, além disso, o coloca trazendo consigo ideias da direita liberal. Já os grupos de direita veem o então ex-governador do Ceará como mais um elemento da esquerda petista, que defende teses que vão de acordo com propósitos até mesmo bolivarianos.

Assim sendo, Ciro Gomes é visto de forma paralela dentro desse ambiente odioso que há no Brasil, mas dentro deste sentido podemos dizer que o mesmo pertence que podemos chamar de Centro-Esquerda, que defende ideias ligadas ao trabalhismo nacionalista, corrente política que durante muito tempo foi ligada a Vargas e outros trabalhistas no Brasil, e que teve seu grande último defensor, Leonel Brizola.

Sendo da centro-esquerda, Ciro consegue propor ideias que vão de acordo com um desenvolvimento social e econômico equilibrado, nas suas aparições diárias em programas e palestras pelo Brasil demonstra possuir um conhecimento imenso sobre política econômica, mas também detalha uma experiência importante para lhe dar com a conjuntura política que o país vivencia, foi um dos que mais bradou contra o impeachment de Dilma, não tem medo de falar e denominar o atual governo de “cúpula máxima da bandidagem política brasileira”. É um político de palavras fortes e de pensamentos coerentes, não teme o que fala e fala com maior segurança que lhe convém.

No ambiente eleitoral, muitos defendem que Ciro deva ser o homem a seguir os passos de Lula sem o Lula nas eleições, o próprio já disse que a chapa dos sonhos seria com Haddad, ex-prefeito de São Paulo, mas será que o PT está disposto largar o protagonismo e seguir de Ciro Gomes em uma eventual eleição? Fica a dúvida. Enquanto isso Ciro aparece de maneira modesta nas pesquisas até então divulgadas, em um cenário com Lula, o ex-ministro chega obter no máximo 3 a 4% de intenções de voto, sem Lula, como divulgou o Ibope recentemente, Ciro chega a 14% das intenções de voto, o que podemos analisar como brecha de crescimento espontâneo dentro do contexto de campanha, o que pode levar o PT a analisar a possibilidade de entregar Ciro o protagonismo, até porque sem Lula o eventual candidato petista alcança apenas 1% das intenções de voto, nesse caso, o nome é de Fernando Haddad.

O outro ponto de analise sobre Ciro Gomes é que sendo um dos políticos mais coerentes, íntegros e que não tem seu nome envolvido em escândalos de corrupção não ocupa um patamar de destaque no que diz respeito à ascensão eleitoral até o momento? Ciro, apesar de apresentar uma gama de questões que o coloca em destaque não transforma isso em resultado eleitoral, talvez pelo sua falta de popularidade, não ter os mesmo patamares de Lula ou até mesmo de Bolsonaro nesse instante, é preciso construir uma concepção de ideia que faça com que o Ciro busque construir um espaço sobre o eleitorado, pois como muitos analistas colocam, ele pode em uma eventual eleição conquistar votos tanto dentro dos grupos progressistas como no meio da chamada direita liberal.

O maior desafio político de Ciro Gomes é transformar um projeto que apresente uma coerência nacional, é se fortalecer em bases que até então são vistas como bases petistas e até mesmo buscar um destaque em ambientes que andam insatisfeitos com os tucanos, entrando nesses dois ambientes se torna um candidato com potencial de segundo turno, apesar de que, fazer um prognostico sobre as eleições do próximo ano até esse momento seja algo totalmente irreal, ainda haverá muitas questões que poderão fazer do processo eleitoral algo totalmente monopolizado em duas tendências, ou fragmentar totalmente o processo.

Assim, até 2018 iremos vivenciar muitas questões que poderão mudar o jogo, e nesse jogo Ciro Gomes é sim uma carta estratégica de grande relevância para o Brasil.

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 09/11/2017
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