O PAIS EM TRANSFORMACAO

Não quero usar do caos, como muitos, para fazer a campanha da desesperança. Pelo contrário, prefiro acreditar que nas crises estão as oportunidades de acordarmos para uma realidade que precisa ser transformada. Fujo da companhia dos propagadores da desilusão, dos proclamadores da frustração. Se um dia a esperança venceu o medo, não há nada, nem ninguém, que possa fazer desaparecer a confiança na nossa capacidade de reverter situações que nos parecem, num primeiro momento, difíceis de serem superadas.

A indignação natural que toma conta de nosso sentimento neste momento em que testemunhamos a degradação moral tornar-se uma característica de comportamento na política nacional, deve servir como elemento de força para promovermos a revolução cultural que este país está a precisar. A hora não é de lamentações, nem de descrença no amanhã. O instante é de reação, de autocrítica, de postura combativa aos que teimam em fazer do poder público e da força econômica, instrumentos da prática de corrupção.

Vejo com preocupação a propaganda da perversão dos nossos costumes, como se isso representasse algo que nos levaria a imaginar um quadro estarrecedor. Há uma clara intenção de disseminar o medo, plantar a desconfiança nos nossos corações, aterrorizar a todos, numa estratégia criminosa para diminuir a capacidade racional de encontrarmos saídas para a crise instalada. Quando dominados emocionalmente pelo temor, ficamos reféns dos discursos dos aproveitadores da circunstância e perdemos a habilidade para pensarmos e agirmos com sensatez, orientados pelo equilíbrio na análise dos problemas.

O importante é que estejamos atentos para não nos deixarmos ser envolvidos pela difusão do estado de desespero. A cada escândalo descoberto, a cada atitude que nos deixa perplexos pela ousadia no cinismo e na indecência, devemos tomá-los como experiência que urge ser eliminada da nossa vida social e política. Eu diria mais, ainda bem que estamos sendo impactados por esses procedimentos indecorosos. Pior seria se continuassem sendo jogados para debaixo do tapete, sem investigação e sem punição exemplar dos que chamamos de “bandidos de gravata”, como era comum a alguns anos atras. Mas para que isso aconteca precisamos tambem de uma justica apartidaria, isenta, imparcial.

Eu acho que o Brasil está mudando sim. E esta mudança é que vem assustando muita gente que faz opção pelo exercício da imoralidade, da desonestidade e do descaramento. Inversamente ao que muitos afirmam, eu observo em cada notícia que nos surpreende pela falta de ética e moral, um agente motivador para a construção de um novo tempo, imune às chagas que vêm atingindo nossa honra e nossa dignidade enquanto cidadãos.

Rui Leitão
Enviado por Rui Leitão em 29/11/2017
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