OS INTOCÁVEIS DO BRASIL
 
Nos "Intocáveis", filme de Brian de Palma, o agente da Receita Federal americana, Eliott  Ness, arma um plano para pegar o mafioso Al Capone .
Capone era um criminoso da pior espécie. Matava, roubava, contrabandeava, corrompia políticos, juízes e policiais. Vivia como um rei na cidade de Chicago no tempo da Lei Seca e da Grande Depressão. Com o dinheiro arrecadado comprava todo mundo: policiais, juízes, políticos, jornalistas e outras autoridades.
Eliott Ness só conseguiu pegá-lo porque ele sonegou imposto de renda. Os Estados Unidos têm isso de bom. O sistema judiciário americano não é o mais justo do mundo. Semelhante ao brasileiro, contempla quem tem mais dinheiro ou poder. Engana-se quem pensa que rico, na América, não tem privilégios. As coisas lá não são muito diferentes do Brasil. Só pobre e negro é que pegam cana brava por qualquer delito. Rico não.
A diferença é que lá, sonegar impostos e saquear os cofres públicos são crimes que poucos juízes se propõem a relaxar. Passar a perna no fisco, então, é mais grave do que matar ou roubar. Quem é pego nessa fraude vai mesmo para a cadeia sem choro nem vela, além de pagar o que deve com multas altíssimas
Capone só foi pego porque seu contador foi preso e fez um acordo de delação premiada. As autoridades americanas são muito judiciosas a esse respeito. Só fazem acordos que resultem em provas incontestáveis e que sirvam para mandar os chefões para a cadeia. Aqui todo mundo que é pego com a boca na botija faz delação premiada. Bagunçaram tanto a aplicação desse instituto que ele acabou servindo mais de prova a favor do acusado do que contra. O novo diretor da Polícia Federal que o diga.
Capone tentou comprar os membros do júri que ia julgá-lo. Para azar dele Ness descobriu a manobra e conseguiu fazer com que o juiz convocasse um novo corpo de jurados. Mas ele só conseguiu isso porque incluiu (indevidamente, diga-se de passagem), o nome do juiz na lista dos subornados. O juiz, mesmo inocente, por via das dúvidas, promoveu uma troca dos jurados.
Capone foi condenado e pegou onze anos de cadeia. Aqui nem precisaria comprar o júri. Ele já teria, de saída, o Gilmar Mendes do seu lado.  Um magistrado que vota pela concessão de habeas corpus para o Eduardo Cunha e pela manutenção de foro privilegiado para corruptos, nem precisa ser subornado. Para ele, usar colarinho branco já é, em princípio, prova de inocência. O Brasil de hoje não é a Chicago dos anos vinte, mas com magistrados como Gilmar Mendes e outros que tem a cabeça igual à dele, esta é a verdadeira terra dos Intocáveis. E o Sérgio Moro e os procuradores do MPF, que pensam estar fazendo o papel do Eliott Ness vão acabar mesmo é com um belo chapeuzinho de palhaço. E quem sabe, chupando um pirulito como o Kojac.