Apologia ao Herói João Pessoa - Eu nego a mudança da bandeira da Paraíba

Apologia ao herói João Pessoa - Eu nego a mudança da bandeira da Paraíba

Há um movimento na capital paraibana para mudar a bandeira da Paraíba, espero que isso não aconteça por que os heróis são para lembrarmos que é possível sermos melhores. O herói é uma ponte entre nós e a divindade. Tem os mesmos defeitos de uma pessoa comum, mas tem qualidades divinas, que nos faz lembrar que existe um Deus dentro de nós. E João Pessoa que foi eleito pela oligarquia, combateu essa oligarquia no seu governo e alavancou o estado naquela época. Ele fez muito pela sua terra e merece ser lembrado como um paraibano a ser seguido como exemplo por toda a posteridade. Um modelo, um ícone, uma referência de verdadeiro cidadão paraibano a ser seguido pelos jovens. Aconselho vocês leitores a lerem as cartas presidenciais de João Pessoa (naquela época o governador do estado era chamado de presidente do estado). Nessas cartas João Pessoa coloca toda a sua essência política. Platão quando fundou sua academia, fundou colocando o nome de um famoso herói da região. E por João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque ser um herói, e da nossa terra, merece ser lembrado para sempre. Ele foi um exemplo de homem digno que na sua estadia no Rio de Janeiro, recebeu elogios rasgados de Rui Barbosa. O vermelho pelo seu sangue derramado, e o preto pelo luto de sua morte, está estampado na bandeira da Paraíba. E a política palavra Nego, como eu disse numa poesia, é para lembrarmos que temos um herói brasileiro. Conta-se certa vez que Assis Chateaubriand ficou surpreso por que João Pessoa, sendo um político da oligarquia, andava desarmado, e João Pessoa deu uma bronca em Assis por esse comentário. Outra vez João Pessoa fez comentários nada amigáveis contra Getúlio Vargas dando a entender que o conhecia bem, e em vida chegou a dizer: "Prefiro 10 Júlio Prestes do que uma revolução". João Pessoa se aliou a Getúlio Vargas por mera convenções políticas, e se eles tivessem ganhado a eleição, João Pessoa com certeza iria tentar controlar o tal do Getúlio e iria tentar impor suas regras, sua ética, suas virtudes em prol do bem do país. Com certeza, se estivesse vivo, ele romperia com Getúlio Vargas quando esse implantou a ditadura, como o paraibano José Américo de Almeida fez. José Américo de Almeida foi o braço direito de João Pessoa.

No ano de 2010, Ricardo Coutinho uniu as oposições para a eleição desse ano. João Pessoa então, pelo Brasil, em 1930, fez coisa mais ou menos semelhante, tentando unir as oposições contra a política do café-com-leite, e certamente, ele faria ao Brasil o que fez pela Paraíba, combateria as oligarquias que o ajudaram a se eleger. As vezes, nas nossas vidas, temos que dizer um santo "nego", e João Pessoa fez muito bem isso. Quando a Paraíba foi o único estado brasileiro que não foi consultado pelo governo federal para a sucessão a presidência da república, João Pessoa então negou apoio ao candidato do governo federal. Está ai a origem do "Nego" na bandeira da Paraíba. Naquela época da velha república, ele, João Pessoa, já dizia que o estado devia ser laico, na prática, e não apenas na teoria, ele era um visionário. No Rio de Janeiro condenou um oficial do exército que havia cometido um crime contra um presidiário e havia sido encoberto pelo exército, e João Pessoa nadou contra tudo e todos e condenou o oficial do exército pelo crime que cometeu. João Pessoa não ficou acima da lei, mas seguiu a lei como bom juiz que era. Alguns pensam que liberdade tem haver com libertinagem, quando não é verdade. Liberdade tem haver em respeitar as leis. Por exemplo: só circula livremente no trânsito quem respeita as leis de trânsito. Liberdade também tem haver com comprometimento. Por exemplo: quem é mais livre numa empresa, o presidente ou o homem da xérox? O presidente, por ter mais comprometimento com a empresa, pode circular livremente na empresa e acessar todos os arquivos da empresa. João Pessoa também sabia que a democracia não é o sistema político ideal, pois a maioria não sabe o que é melhor para si e não sabe o que é melhor para a maioria. Platão chega a afirmar que a democracia só daria certo numa sociedade de sábios, e não vivemos numa sociedade de sábios. E como disse o imperador e filósofo romano Marco Aurélio: "O que é bom para a colmeia é bom para a abelha, mas nem tudo que é bom para a abelha, necessariamente é bom para a colmeia." Platão fala que existe 5 formas de governo, sendo que a aristocracia, que quer dizer o governo do mais sábio, ou o governo dos melhores, seria a forma de governo ideal. Imagine uma família com 5 membros: pai, mãe e 3 crianças. Imagine se essa família fosse uma democracia, os filhos fariam o que quisessem tornando a casa uma bagunça. Um exemplo no micro que a democracia não é o estado de governo ideal. João Pessoa também se aconselhava com o povo, tornando-se assim, um político diferenciado para sua época.

Mas, continuando... Tudo que o jornal A União publicava passava pelas mãos de João Pessoa, e não há registro no jornal que este publicou as tais famosas cartas amorosas de João Dantas. Minha mestra Lúcia Helena Galvão duvida muito que a causa da morte de João Pessoa foi um crime passional. João Pessoa foi um grande e incomodou muita gente do alto escalão da Paraíba, e isso pode ter ocasionado sua morte. As tais cartas amorosas, se realmente existiram, não foram publicadas pelo Jornal A União, o jornal do estado, não se tem registro delas, e se chegaram ao conhecimento do público, foi por que foram exibidas em algum lugar da cidade, sem o consentimento de João Pessoa. É só comparar as atitudes de João Pessoa e saberás que ele nunca permitira publicar as tais cartas amorosas de João Dantas, se essas cartas realmente existiram. E dizem que foi por causa dessas cartas que João Dantas assassinou João Pessoa em Recife. João Pessoa combateu o cangaço e as oligarquias, além de enxugar as contas do estado, alavancar a economia do estado e fazer grandes serviços pelo social. Seu ato de governar foi admirado por milhares de paraibanos, e depois da sua morte houve um clamor em todo estado da Paraíba para lembrarmos a grandeza desse homem. Temos que ter convicção naquilo que negamos, e eu Nego a mudança da bandeira da Paraíba. Agora vou citar o que a historiadora Carmem Coelho de Miranda Freire fala sobre esse episódio das cartas de João Dantas. Ela fala isso na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, do mês de setembro de 1995, ano LXXXII, cidade de João Pessoa, capital da Paraíba – Edição Comemorativa do Nonagésimo Aniversário da Fundação (1905-1995). Segue o que ela disse: "O presidente João Pessoa, como se viu, cumpriu com o seu dever, pois governou com honestidade e com diligência administrou os bens públicos. Por isso desgostou a muitos que não lhe mediam hostilidades. A sua morte por assassinato, a 26 de julho de 1930, na "Confeitaria Glória", em Recife, foi um testemunho desta hostilidade. Na verdade, o seu assassino João Dantas, advogado da Paraíba, vingou-se do presidente João Pessoa, responsabilizando-o pela devassa em seus documentos particulares no seu apartamento. Entretanto, João Pessoa nada teve haver com a mencionada devassa. Encontrava-se no interior do Estado quando o fato aconteceu. Quando regressou à capital contaram-lhe que a polícia recebeu denúncia de furto na Liga Esportiva de Futebol, que estava situada no mesmo prédio, inclusive o quarto do Dr. João Dantas, que estava ausente. O presidente João Pessoa censurou este ato abominável da invasão da residência do Dr. João Dantas, dizendo inclusive que iria abrir inquérito sobre o caso. Aliás, a censura de João Pessoa ao fato foi presenciado por várias pessoas, cujo depoimento tomamos por escrito, anos atrás, quando investigamos o fato."

Autor: Victor da Silva Pinheiro

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Victor da Silva Pinheiro III
Enviado por Victor da Silva Pinheiro III em 24/12/2017
Reeditado em 24/12/2017
Código do texto: T6207199
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