Minha Geração

Era outubro de 2002, depois de meses que mesclaram euforia pela conquista do penta pela nossa seleção e ansiedade pelo primeiro voto, eis que saio da minha casa numa manhã e domingo e vou caminhando até a escola para dar o meu primeiro voto para presidente da República. Era o momento impar, pois naquele instante tinha-se em mente a vontade de mudar e de levar o Brasil adiante e principalmente, criar um país que oferecesse condições para pares como eu chegar aonde até então somente pequenos grupos abastados da sociedade chegavam, e naquele instante a esperança tinha nome e sobrenome, Luís Inácio Lula da Silva.

Depositei meu voto e no final daquele mês de outubro após o termino do segundo turno a esperança venceu as eleições e o povo em clamor foi para as ruas comemorar a primeira vitória popular das urnas em nossa história. Não foi o ato falho, ver um retirante nordestino que durante muito tempo foi taxado de analfabeto por uma elite “analfabeta política” chegar ao cargo máximo do país não teve preço. Não foi apenas uma vitória política, foi uma vitória de classe, foi uma vitória do povo está ai a relevância de todo esse momento histórico.

Os anos se passaram, de 2002 para cá muita coisa aconteceu o Brasil saiu do mapa da fome, o bolsa família se tornou o programa social de maior relevância do mundo, as universidades públicas triplicaram de tamanho com o REUNI, jovens de periferia até então marginalizados pela sociedade chegavam ao ensino superior privado com o PROUNI, filhos de pessoas simples sem escolaridade estavam indo estudar nas melhores universidades do mundo com o Ciências sem Fronteiras.

O Brasil, era visto mundialmente como a grande potência econômica emergente do mundo, nossa economia crescia de chegarmos ao posto de sexta economia global, éramos respeitados pelas grandes potências, tínhamos a convicção que o país agora iria rumo a sua grandiosidade.

Mas, não, aquela velha elite herdeira da época colonial ainda não aceitava ver o filho da empregada na universidade, não aceitava ver a sociedade dando chances de pobre ter sua casa própria e seu carro, de ver famílias em peso nos aeroportos do país viajando no mesmo nível que os mesmos.

E nesse mesmo tempo se cegaram, e o velho Lula passará a ser visto como o maior “bandido” do país, e o Partido dos Trabalhadores passou a ser o grande problema político de todo um sistema falho que tem como sua principal essência, a CORRUPÇÃO.

Na minha analogia o que estamos vivendo é fruto do reflexo de todo um sistema político, se o PT é corrupto, as outras dezenas de legendas com raras exceções também são, mas por que parte da população fixou o ódio e grito contra a corrupção apenas sobre a imagem de Lula e do PT? Seria por questões meramente classistas? Luta de Classes?

O PT só foi mais um daqueles partidos que inseriu no sistema mais corrupto do mundo, mas não pode ser taxado como o único. Isso é o um erro, principalmente de nossa velha elite colonial que ainda pensa como há 200 anos, os tempos mudaram, e se não passarmos a ver a corrupção como um problema generalizado jamais iremos realmente alcançar o patamar que minha geração sonha desde 2002, que aquele de viver em um país mais justo e igualitário.

O pensamento há de mudar, é preciso continuar sonhando e nesse momento mais que nunca não apenas sonhando, mas lutando, lutando para defesa do bem social, para a manutenção da democracia, lutando para impedir que os corruptos que ocupam o poder nesse momento com aval da “elite” continue massacrando o povo.

E para aqueles que acham que a condenação política do Lula é o ponto final do processo corruptivo, não sejam ingênuos, a corrupção esta no berço do brasileiro e ela só vai acabar quando deixarmos de lado o pensamento de interesses próprios e passarmos a pensar em interesses comuns.

No mais, que a justiça seja feita e que esta seja feita realmente no lugar mais importante que há, nas urnas!

Enquanto isso, “Hasta la victoria siempre”

Gonçalves B G G
Enviado por Gonçalves B G G em 26/01/2018
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