“O SOL NASCEU PARA TODOS,OU NÃO?”

“Aquilo que não pode ser para todos, eu não quero para mim”

(GHANDI)

Vivemos em um país que apresenta uma das mais altas taxas de concentração de renda do planeta. “Onde as cinco pessoas mais ricas detém a metade da renda nacional” (revista Forbes). Assim, todo o esforço deveria ser dispendido pelo Estado para diminuir as diferenças sociais e econômicas existentes entre os brasileiros. Um problema que tende a agravar, vista a crise internacional que traz reflexos internos danosos para todos nós.

Desgraçadamente, as dificuldades econômicas brasileiras tem apresentado uma tendência de atingir com maior severidade, as camadas mais humildes da população. Nota-se que o governo atual acena com medidas que afetam diretamente as classes mais baixas da sociedade. Obviamente, procurando preservar os interesses dos mais poderosos.

Tudo indica que o golpe aplicado sobre a presidenta Dilma e a condenação do ex-presidente Lula faça parte de uma ardilosa ação dos verdadeiros donos do poder. A cassação da presidente foi orquestrada pelas chamadas “forças ocultas” que teima em obstruir a construção da democracia, infelizmente referendada pelo supremo tribunal federal.

Por outro lado, “A base da acusação que o apartamento do Guarujá (tríplex) foi uma doação da empreiteira OAS ao ex-presidente Lula deu-se unicamente por uma reportagem de O GLOBO, por isso ela é citada como prova tanto pelos promotores como pelos juízes que já avaliaram o caso. Como o apartamento continua no nome da OAS, obviamente, ele não pode ser de LULA”. (governador do maranhão-Flávio Dino, ex-presidente da Associação de Juízes Federais do Brasil).

O rigor exagerado do julgamento, as ilegalidades na obtenção de pretensas provas, o vazamento de informações sigilosas para imprensa contribuiu para aquilatar a parcialidade dos juízes federais envolvidos no julgamento do ex-presidente. O processo correu numa rapidez fora do normal, bem diferente dos outros casos de corrupção que tramita na justiça federal. LULA foi acusado, julgado e condenado pelos meios de comunicação e agora sofre os efeitos de todo esse processo.

Entretanto, não se tem observado o mesmo rigor nos casos de alguns políticos. Excluiu-se deliberadamente, aqueles simpáticos as grandes redes de comunicação e ao grande capital, apesar de malas recheadas de dinheiro encontradas em poder dos referidos indivíduos. Como também, a descoberta de contas bancárias fabulosas pertencentes a eles em paraísos fiscais pela polícia federal. Contudo, nenhuma atitude efetiva foi desenvolvida pelos juízes federais no sentido de punir os infratores.

No entanto, LULA continua sendo o candidato a presidente preferido pela maioria do povo brasileiro (DATA-FOLHA). Essa popularidade não foi conquistada à toa. Trata-se do presidente que tirou vinte milhões de brasileiros da miséria absoluta. Possibilitou ao pobre trabalhador a cursar a universidade. Distribuiu casas populares no país inteiro e criou mais de oitenta escolas técnicas (IBGE). Nos oito anos que teve no poder, jamais mexeu em direitos trabalhistas. Por conta de tudo isso, é citado como referência internacional ao combate da fome e pobreza.

A propósito, trabalho em uma universidade a cerca de trinta e cinco anos. Primeiro como cirurgião dentista e depois como professor. Nesse período observei que antes de LULA a grande maioria dos alunos que cursavam faculdade eram de cor branca e de classes sociais mais elevadas. Posteriormente, na época do então presidente, os alunos do período integral continuavam sendo de famílias de maior poder aquisitivo. Nas turmas do noturno, essa relação se invertia. Os alunos na sua maioria eram pobres, negros ou pardos. Isso ocorreu principalmente, porque os alunos que estudavam a noite eram bolsistas e trabalhavam durante o dia para garantir o pão de cada dia.

Para finalizar, nesses últimos vinte anos, meu trabalho tem envolvido o atendimento de pessoas de classes sociais mais carentes. São indivíduos que tem o SUS como única opção. Minha atividade inclui a prevenção e o diagnóstico precoce das lesões bucais, especialmente de lesões malignas e pré-malignas. Pela condição sócio-econômica, minha clientela é mais vulnerável a esses tipos de doenças. Como as práticas neoliberais privilegiam uma minoria de pessoas que pode pagar pelos serviços, a maior parte da população fica sem assistência. Para mim e para outros profissionais da área de assistência pública, trata-se de um posicionamento político inaceitável para um país tão desigual. Afinal, “O SOL NASCEU PARA TODOS”, OU NÃO...?

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 31/01/2018
Reeditado em 28/02/2018
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