REPÚBLICA BANANEIRA
 
A mais recente pesquisa Data Folha indica que teremos um segundo turno entre Fernando Hadad e Jair Bolsonaro. Terrível perspectiva. Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. São duas posições extremadas. Revela o nível de polarização a que chegou o debate político no Brasil. De um lado um candidato de posições extremadas à direita, de outro um esquerdista sem convicção. No meio, um bando de postulantes que não consegue encontrar um discurso que afaste o eleitorado do extremismo que está se desenhando.
Vale dizer que nenhum dos dois possíveis adversários do segundo turno conseguirão governar o país, se praticarem, em seus governos, os discursos com os quais estão atraindo os eleitores. Nem Bolsonaro conseguirá implementar seu programa trumpista de nacionalista conservador, com medidas econômicas francamente liberais, nem Hadad poderá fazer um governo de esquerda fundamentalista, como querem os seus apoiadores.
Tudo dependerá do Congresso que for eleito junto com um deles. E pelo andar da carruagem, não haverá renovação suficiente que o faça muito diferente desse que temos hoje. Uma maioria de políticos fisiológicos comporá um grande espectro central que certamente barrará qualquer movimento de ambos, seja á direita ou à esquerda. No meio desse dilema estará o país, que não terá as reformas necessárias para fazer andar a economia, trazer a volta dos empregos, eliminar os privilégios de classe, acabar com as mazelas políticas que alavancam a corrupção, corrigir o nosso injusto sistema tributário, restaurar a segurança pública, melhorar os serviços de saúde e de educação e outras ações imprescindíveis para tornar este país viável.
Fernando Henrique e Lula conseguiram sucesso em suas gestões porque tinham larga maioria parlamentar nas duas Casas do Congresso. Lula podia ter feito todas as reformas que hoje se reclamam, se quisesse. Não fez.  Preferiu investir em parcerias espúrias para garantir para o seu partido longos anos de poder. Comprou aliados com o dinheiro público para eleger Dilma e deu no que deu.
Hadad não é Lula. Foi um péssimo prefeito em São Paulo e nem de perto tem a capacidade de articulação do seu líder. Dificilmente conseguirá costurar um leque de apoios como Lula fez. Agregue-se o fato de que as condições políticas, hoje são muito diferentes dos tempos em que Lula governou. Ele herdou um país organizado, pacificado e com boa infra-estrutura, legadas por Fernando Henrique. Pode aplicar parte do programa de redenção social de uma larga margem de brasileiros. É isso que ainda garante ao PT o apoio que ele tem nas regiões mais carentes do país. Já Bolsonaro é outra coisa. Seu discurso seduz uma larga margem de brasileiros descontentes com os rumos que a política tomou nos últimos anos. Rumos que nos levaram à crise econômica, ao desemprego, à criminalidade desenfreada, ao total descrédito com as instituições. Mas discurso é discurso. A realidade é outra coisa. À força ninguém desentorta bananas. E o que o Brasil mais precisa é deixar de ser uma república bananeira.