Consulado Libanês

Desde fevereiro de 1992, quando morreu Chafic Kassis, o então cônsul do Líbano em Minas Gerais, os libaneses do nosso Estado estão sem uma representação consular. Já estamos na terceira geração dos libaneses aqui aportados, carentes de uma instituição oficial de apoio para as diversas demandas dos libaneses “mineiros”. Tentativas foram feitas para designação de um cônsul, com a colônia apontando líderes com o perfil adequado para o ofício, mas sem resultado objetivo. E assim estamos vivendo 30 anos sem consulado no Estado onde a colônia tem um dos maiores contingentes do Brasil, calculado em cerca de um milhão, entre naturais e descendentes.

Algumas instituições sem representação oficial têm mantido o grupo em contato, com destaque para o Clube Libanês, fundado em 1947, hoje com sede social e esportiva na Pampulha. A Fundação Libanesa, criada pelo saudoso deputado Elias Murad e outras famílias, com um programa assistencial, foi outro elo de aproximação dos libaneses mineiros. A sobrevivência das atuais instituições representativas sempre teve no Charles Lotfi a âncora necessária. Além de presidir a Federação Brasileira das Entidades Libanesas, ele esteve sempre à frente das instituições vinculadas, como a Câmara de Comércio Líbano Brasileira de Minas Gerais.

Alguns mineiros que se identificam com as coisas do Líbano normalmente têm certa dificuldade em entender as diferenças entre o Líbano e a Síria, denominando como sírio-libanês o cidadão de língua árabe. Com certa frequência, essa confusão tem sido objeto de explicações sobre a geografia e costumes do Líbano e da Síria. Aliás, as relações dos sírios e libaneses em Minas Gerais são as melhores possíveis, com eventos em parceria, como o recente festival de culinária. A festa aconteceu em frente do Consulado da Síria, com a participação entusiasmada dos libaneses de Belo Horizonte e dos brasileiros identificados com as coisas das duas nações.

A carência de um consulado libanês em Minas é muito sentida pela colônia, lembrando que a função da representação demanda alguns serviços essenciais, tais como emissão de certidões e vistos; declarações de residência; orientação para assistência médica; serviços de tradução; exercício do direito de voto e outros serviços admitidos na legislação. Com mais de 120 consulados de diversos países no Brasil, não se compreende a inexistência de uma representação libanesa em Minas.

A escolha de candidato a cônsul é geralmente direcionada àqueles que possuem, no mínimo, conhecimento básico das línguas libanesa e francesa, dois idiomas adotados pelo Líbano. Deve ter formação acadêmica e um trânsito amplo junto aos libaneses residentes e seus descendentes. Importante, também, é ter conhecimento dos trâmites burocráticos e comerciais previstos nas relações internacionais e tratados bilaterais, objetivando a defesa dos direitos legítimos de seus representados.

Em tempo: Os subscritores deste artigo não são candidatos a cônsul.