Desmentindo mitos anticomunistas (02): Uma farsa para chamar de Holodomor

Desmentindo mitos anticomunistas (02):

Uma farsa para chamar de Holodomor:

O texto no qual vocês vão ler está indiretamente ligado aos Planos Quinquenais, feitos por I. V. Stalin, no final dos anos 1920, no início de seu governo como Chefe do Conselho dos Comissários do Povo (futuramente Premier), na URSS, porém, não vamos falar sobre isso, pois cabe um maior detalhamento desnecessário, exatamente pelo fato de que vamos aqui expor uma farsa, e farsas não merecem tanta contextualização.

E a história da nossa engenhosa farsa começa com um empresário norte-americano, de 72 anos, chamado William Hearst, dono das principais editoras de jornais dos Estados Unidos, tendo iniciado sua vida empresarial em 1887. Hearst, ao longo do tempo, ficou conhecido como o pai da “imprensa marrom”, um termo utilizado para classificar jornais ou qualquer veículo de comunicação ligado a imprensa que fabricava notícias, informações tiradas de contexto, o que hoje chamamos de “Fake News”. Se hoje os militantes bolsonaristas podem espalhar notícias absurdas em correntes de Whatsapp, devem muito ao senhor Hearst. O mesmo também foi prefeito e governador de Nova York, um profundo aliado da indústria farmacêutica, chegando a conciliar sua aliança espúria com seu negócio de fabricar mentiras, quando conseguiu fazer a maconha ser proibida nos Estados Unidos. Ocupava as fileiras do Partido Democrata, na ala populista, porém, cultivando o seu ultra-nacionalismo reacionário e anticomunista. Sua figura nefasta serviria de inspiração para Orson Welles criar o personagem Charles Foster Kane, o protagonista do filme Cidadão Kane.

No ano de 1935, Hearst vai à Alemanha, se encontra com o próprio Adolf Hitler, com quem abertamente simpatizava, e retorna aos Estados Unidos com a mais nova mentira: o genocídio ucraniano que resultou em 6 milhões de mortos pela fome (número esse mais tarde aumentado para 15, de acordo com as normas do leilão do genocídio comunista). Fome essa provocada pela política de coletivização feita por Stalin, que para a sociedade estadunidense, era o verdadeiro diabo vermelho que se alimentava de crianças e, com seus tentáculos, se apossava do leste europeu.

Agora, após a introdução onde expomos a figura do cidadão responsável pela fabricação da mentira, vamos a mentira em si, que durou até 1987, com a publicação do livro “Fraud, Famine and Fascism, The Ukrainian Genocide Myth from Hitler to Havard”, do jornalista Douglas Tottle, que comprovava que as fotos da fome ucraniana, na verdade, tratavam-se de imagens da Grande Fome Russa dos anos 1920, durante a Guerra Civil e a invasão imparialista no país, e que os jornalistas e “historiadores” que escreveram sobre o tal genocídio ou holocausto ucraniano, se quer pisaram no país.

Mas isso significa que não teve fome na Ucrânia?

Não. De fato, houve, sim, fome na Ucrânia, mas não foi causada pela coletivização promovida pelo governo de Stalin. O fato é que, os planos quinquenais promovidos pelo mesmo consistiam em acabar com o que restou da classe capitalista na URSS oriunda do período da NEP, quando Lenin autorizou a privatização de algumas fábricas e terras, com a idéia de se desenvolver as forças produtivas no país, para enfim, o socialismo poder ser construído a partir de um processo de industrialização. Nisso, foi estabelecida a ordem de coletivização das terras pertencentes aos chamados Kulaks. Quem expõe com maiores detalhes esse fato é o historiador belga Ludo Martens:

“Após a resolução do Comitê Central do PCUS, que anunciava o fim das relações capitalistas no campo, os kulaks lançaram-se num combate de morte. Para sabotar a coletivização, incendiavam as colheitas, celeiros, casas, instalações e matavam militantes bolcheviques. Mas, sobretudo, eliminava cavalos e bois, uma parte essencial das forças produtivas no campo, procurando assim tornar impossível o desenvolvimento da produção coletiva. Todo o trabalho da terra ainda era efetuado com animais de tração. Os kulaks exterminaram metade do efetivo. Para não entregarem o seu gado à coletividade, abatiam-no e incitavam os camponeses médios a fazerem o mesmo.

Dos 34 milhões de cavalos que contava o país em 1928, apenas 15 milhões restavam vivos em 1932. Um bolchevique irônico falou da eliminação da ‘classe’ dos cavalos. Dos 50 milhões de bois, restavam 40,7 milhões em 1932, das 31 milhões de vacas, 18 milhões. De 26 milhões de porcos, só 11,6 milhões. Evidentemente, esta destruição de forças produtivas teve consequências desastrosas: em 1932, o campo conheceu uma grande fome, causada pela sabotagem e as destruições efetuadas pelos kulaks. Mas os anticomunistas atribuíram a Stálin e à “coletivização forçada” as mortes provocadas pela ação criminosa dos kulaks”.

Mas você, leitor, pode ter a dúvida de por que uma informação falsa, fabricada pelo pai da imprensa marrom, desmentida a 32 anos ainda sai da boca ou enfeita textos de jornalistas, formadores de opinião e até figuras políticas da esquerda como Luciana Genro e Eduardo Jorge. Sobre a imprensa, é necessário compreendeu que a noção de imprensa marrom passou a ser associada a veículos de informação mais declaradamente reacionários, enquanto a “imprensa séria” ficou associada a veículos de comunicação que expõem a notícia por um ponto de vista burguês e conservador, mas que mente também nas horas vagas, reproduzindo assim a narrativa reacionária que é aceita pelos tais formadores de opinião e por políticos como os acima citados, representantes de uma esquerda covarde, acanhada e condizente com o sistema que, além de explorar pessoas, destruir o planeta, também mente.

Fontes:

https://www.marxists.org/portugues/martens/1994/olhar/08.htm

http://www.rationalrevolution.net/special/library/famine.htm (material em inglês)
Gabriel Craveiro
Enviado por Gabriel Craveiro em 25/07/2019
Código do texto: T6704108
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