Um exemplo de profunda incoerência da esquerda ou melhor, de uma esquerda... e um adendo continuado sobre a existência de mais de uma esquerda

31/07/2019

Um adolescente hipotético comete um crime grave, é detido e transferido para um reformatório. Supostamente, a única explicação para o seu comportamento é sua condição social ou familiar precária.

Bem, então, como explicar jovens na mesma situação que não acabam caindo no mundo do crime?? Mistérios da meia noite? Será que Freud explica essa??

Uma criança, de 6 anos nasceu menino. Mas se considera menina. Vem de uma boa situação financeira e,  ao contrário do calor dos morros cariocas, ele vive no gélido Canadá. Ativistas LGBT resolvem pegar o seu "caso". Querem ajudá-lx a "mudar de sexo", de ser aquilo que sente ser...

Um desses ativistas é brasileiro e é contra a redução da maioridade penal.

Ele é contra o "punitivismo", mas mesmo se o agressor matou uma vida inocente a sangue frio??

Pois parece que sim.

Ele acredita que uma criança de 6 ou 8 anos tem idade suficiente para decidir sobre sua identidade sexual. E acha que um adolescente de 15 anos não tem discernimento de suas ações, ainda que também goste de culpar a desigualdade social e/ou as contradições do capitalismo por comportamentos violentos de [alguns] jovens em situação de vulnerabilidade social.

Pessoas que odeiam qualquer coisa que cheire a esquerdismo, não precisam de ativistas tolos para odiá-lo. Mas, com certeza que a existência deles tem um efeito de fracionar ou enfraquecer a força das esquerdas no que se refere às suas capacidades de argumentação, já que, odiar sem ter pontos a favor é uma coisa, e outra bem desfavorável é de consegui-los, e por ''nós'' mesmos.

Esses ativistas não representam um modo de pensar isolado mas padrão entre os esquerdistas, em que uma criança de 6 anos tem discernimento suficiente para tomar decisões que alterarão significativamente a sua vida, mas adolescentes de 15, não, isto é, de aprenderem a ter o mínimo de respeito para com os outros.

Em ambos os casos, existe o uso, muito do mal usado, da anti homofobia e do anti racismo.

Para não serem taxados injustamente de homofóbicos, ou mesmo pensando na promoção do bem estar da comunidade LGBT, esses ativistas apoiam a ''transição sexual'' de crianças. Eles, e muitos outros na mesma franja ideológica, também são contrários à punição mais severa de adolescentes que cometem crimes, diga-se, de acordo com a lei, porque a grande maioria desses jovens é negra e pobre.

Supostamente, as duas medidas são para combater esses preconceitos. Mas, o efeito pende ao oposto. Imagine que alguém tenta te defender de uma acusação, como se fosse o seu advogado, só que ele acaba dando mais razões para a sua condenação do que para a sua absolvição... Pois bem, muitos desses ativistas famosos, encastelados em seus circuitos de militância e prestígio social, nos últimos tempos, mais limitado, podem ter até as melhores intenções do mundo, isto é, com bons sentimentos. Mas, em termos de conhecimento, eles tendem a ser mais como um tiro no pé do que uma mão amiga. E, as pessoas, da direita, da direita moderada, do meio do espectro, e até de esquerdas mais alinhadas com pautas trabalhistas e, portanto, mais socialmente conservadoras, percebem essas incongruências, e para as sociopatas da extrema direita, qualquer deslize adicional "nosso' já é um argumento possível, se eles raramente têm algum argumento por si mesmos, que seja convincente.

A extrema direita cresceu muito no Ocidente, na última década, mas só cresceu alimentada pelos erros da esquerda...

Mas, ainda não sei se a defino assim, monoliticamente.

Uma super celebridade de Hollywood que tem um salário maior que o de 99,999% da população mundial, e que defende (algumas) causas de esquerda, geralmente identitárias, pode ser considerada de esquerda, ou de qual esquerda, de qual nível de esquerda?? No duro??

Se quando falamos de esquerda, estamos falando de um grupo totalmente homogêneo??

Pois parece que não.

É verdade que a maioria dos esquerdistas, no Brasil, por exemplo, são de lulistas, petistas e também os típicos marxistas (e é inaceitável quando alguns se definem como stalinistas, que é parecido em se afirmar como neonazista). Mas também é verdade que muitos esquerdistas não precisam ser filiados ao partido do PT, nem mesmo de terem a carteirinha de leitor de Marx.

Eu decidi recuperar, ou tentar recuperar o termo ''iluminismo'' das profundezas de seu uso, deixado de lado desde o século XIX, que hoje voltou a ser usado pelas esquerdas existentes, pois penso em uma esquerda um pouco diferente dessas. Não que destoe totalmente, mas que seja bem mais coerente com a ideia primária do iluminismo que é a busca pela razão.

A energia que a maioria das esquerdas gastam, com pontos de vistas potencial a predominantemente equivocados, os exemplos usados, cria ainda mais animosidade, desnecessária, com o resto do espectro ideológico, desde a extrema direita, que adora os seus erros, para sempre ter sua caixa de argumentos cheia, até mesmo chegando dentro da própria esquerda em que, corretamente, muitos acabam concluindo que, se tem dado atenção desproporcional às pautas identitárias [sem falar das estratégias equivocadas como a de encher de personagens homossexuais o folhetim dramatúrgico de uma certa empresa famosa, como se isso não fosse aumentar o risco de preconceito] e, aqui, eu não estou querendo dizer que não se deva ter atenção a elas mas que simplesmente não temos tido qualquer rigor de equivalência em relação às pautas trabalhistas. Se já ''aplaudimos'' o primeiro beijo gay em novelas, o mesmo não podemos dizer, por exemplo, sobre a reforma trabalhista e, agora, a d'eforma da previdência.  

A conclusão que um indivíduo fora das esquerdas pode desenvolver e tem desenvolvido é: eles se preocupam mais com celebridades ricas que supostamente defendem causas identitárias do que com nós, os trabalhadores.

Não que esteja 100% certo, mas tampouco estará totalmente equivocado, infelizmente.

Dedicar uma década defendendo de maneira quase absoluta quem comete crimes legítimos e especialmente os hediondos [acreditando que não fazê-lo é racismo] enquanto incentiva a ingenuidade de uma criança (uma mana, se quiser ler assim) para que tome uma decisão significativa que mudará a sua vida, e tudo isso para que a realidade se enquadre em seus pressupostos ideológicos, também para aparecer no âmbito social como uma pessoa "preocupada" com o bem estar alheio, é um modo bastante equivocado ou irracional de pensar e agir.

 O extremo direitista adora quando as esquerdas batem perna até não terem mais perna pra bater, sobre qualquer ponto de vista que defendem. Quando teimamos no que não é cientificamente certo ou filosoficamente adequado, estamos dando mais lenha para a fogueira dessas pessoas que, pelo que temos visto, não querem um mundo melhor.

Mais um Thiago
Enviado por Mais um Thiago em 31/07/2019
Reeditado em 28/03/2023
Código do texto: T6708926
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