Os bons tempos da política brasileira

Bons tempos os dos anos em que os brasileiros votávamos em papel, e não em urna eletrônica. Em papel, podíamos expressar o apreço que tínhamos por criaturas que, entendíamos, se eleitas, seriam governantes exemplares, incorruptíveis.

Os paulistanos elegeram, sabiamente, em 1959, vereador o Rinoceronte Cacareco, cujo extraordinário feito foi noticiado pela revista Time e abordado na ONU. Em 1987, os vila-velhenses (de Vilha Velha, Espírito Santo) elegeram prefeito o Mosquito (aedes aegypti) - infelizmente, a Justiça Eleitoral do Espírito Santo, insensível e irresponsável, opondo-se à vontade popular e à de Deus - pois, ensina-nos o ditado, a voz do povo é a voz de Deus -, anulou todos os votos que o Mosquito recebeu, e nomeou prefeito o segundo colocado. Em 1988, os cariocas, numa exibição de sabedoria invejável, elegeram vereador o Macaco Tião, um chimpanzé ranzinza, de poucos amigos, mas dotado de coragem para arremessar merda nos políticos - segundo consta, ele foi o único brasileiro que, até o presente momento, realizou o sonho de todos os brasileiros.

Hoje em dia, votando em urnas eletrônicas, que nos impedem de escolhermos seres de inteligência superior e de moral ilibada, os brasileiros temos de nos contentar com os políticos que os partidos nos enfiam goela adentro.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 31/12/2019
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