Os Reflexos das Nomeações de Bolsonaro

Por Leonardo F. Silva

O debate se estenderá ao longo da semana e sua repercussão insiste em ser imediata. Ainda estamos comentando e procurando chão para compreender os acontecimentos da semana passada, onde, na semana em questão, devido ao suposto pedido de demissão do delegado geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, e da consequente demissão do então Ministro Sergio Moro, criou-se uma celeuma de proporções nacionais que toca todos os cantos do país na mesma intensidade.

Essa abordagem crítica dos fatos agora está na boca dos populares, os próprios apoiadores do governo insatisfeitos, os que já não apoiavam ganharam de presente mais um motivo para ativar seu algoz militante, e também se tem os apoiadores fanáticos do governo, esses que apesar de tudo mantêm-se ao lado do presidente Jair Bolsonaro. É inegável o sentimento, inclusive nos que permanecem fazendo defesa concisa do governo, de medo e desconfiança acerca do próximo passo do presidenciável, esse passo no caso são as nomeações para os respectivos cargos que ficaram sem donos nos últimos dias.

Não se demorou para os nomes serem divulgados e logo admitidos, e com isso vem também as críticas e a problemática do ato. Para o posto de diretor-geral da PF, Bolsonaro indicou o já esperado Alexandre Ramagem, que trouxe para si como boas vindas os antagonismos da oposição pelo fato de ser amigo íntimo de um dos filhos de Bolsonaro – Carlos Bolsonaro, ao qual Ramagem é padrinho de casamento- e chefe da segurança pessoal do presidente. Fato é que o próprio Bolsonaro não auxilia no entendimento da população, ainda é certo que a demissão de Valeixo é incerta, isso gera desconfiança da base apoiadora e desperta a ira da oposição, é pôr fogo em lenha quente.

O que mais intriga a todos é o fato de as investigações acerca do inquérito sobre as Fake News estarem tomando um rumo de encontro ao colo do presidente Bolsonaro, gerando a discussão de que toda essa celeuma atual se refere a uma suposta defesa paterna de Bolsonaro para encobrir as falcatruas de seus filhos. E isso, de fato, não se descarta. O próprio Bolsonaro contribui quando diz que quer acesso aos relatórios especiais das investigações da PF, isso para ter uma dimensão maior de quem está sendo investigado em determinadas operações. Suspeito? Sim.

Até então, o mais cotado para assumir o cargo antes valorosamente de Sergio Moro é Jorge Oliveira, atual Ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Mas, mesmo assim, Bolsonaro fez questão de dizer que o novo nome será uma “surpresa”, em suas palavras nesta segunda-feira (27).

Muita coisa ainda gira em torno dessa situação, e continuará no falatório nacional sem data para amenizar.

Bolsonaro perde apoio popular, perde apoio político, mas ganha no quesito de coragem, de insistência e prerrogativa de juízo de valor. Segue sendo o líder do governo, ferido por seus próprios erros, e que precisa de curativos que apenas seu próprio ego pode lhe oferecer. Suas escolhas refletem a sua intenção, e aqui se insiste em afirmar que suas escolhas mais importantes são aquelas em que nem todos escutam, aquelas que podem passar despercebidas ao ouvido popular, nessas o brasileiro deve se atentar. Pois, enquanto se pensa que uma fatia do governo se reestrutura, a outra é dividida para os ratos sujos que lá se encontra, que sumiram e agora encontra uma oportunidade para voltar.