A mulher na sociedade

Crescemos ouvindo que o lugar de mulher é na cozinha, que tem certas coisas que moças não podem falar ou fazer, ouvindo que mulheres não são boas dirigindo. Associando coisas como fofoca e escândalo ao comportamento unicamente da mulher, como se fosse uma característica biológica. Se você é mulher, certamente sua opinião alguma vez já foi invalidada porque você simplesmente é mulher, ou, já te fizeram perguntas especificas para tentarem te testar sobre algum determinado assunto, que era considerado “coisa de homem”.

Mesmo na atualidade, esse tratamento com as mulheres ainda se faz presente em nossa sociedade e está enraizado, e se tornou tão comum ao longo dos séculos. E esse tipo de tratamento não acaba aí. Quando falamos sobre a mulher na sociedade, percebemos que as mulheres ainda ocupam um mínimo espaço em alguns lugares.

Você já ouviu falar sobre o Direito de voto da mulher no Brasil? Então, somente em 24 de fevereiro de 1932, com o Decreto n°21.076, a mulher teve direito de votar no Brasil, isso se deu, por conta de vários movimentos femininos no país. E em 1979, o Brasil assinou e ratificou a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres. Para pra pensar, essas mudanças foram importantes sim, mas fazem menos de 90 anos, e a discriminação não teve fim.

Falando de política, é importante lembrar da primeira senadora no Brasil, Eunice Mafalda Berger Michiles, era professora e política brasileira que representou o Amazonas no Congresso Nacional. Foi a primeira mulher a ocupar lugar no Senado Federal em 1979, e marcou pela criação do Movimento da Mulher Democrática Social (MMDS). Entre outras mulheres é importante lembrar de Antonieta de Barros, foi a primeira deputada negra no país, nascida em 1910, filha de escrava liberta, enfrentou as dificuldades em uma sociedade extremamente machista, racista e conservadora. Em Santa Catarina, ela iniciou o próprio curso de alfabetização, destinado a população pobre. Em suas escritas, abordava temas sobre educação, política, racismo e a condição das mulheres na sociedade.

É importante salientar que, somente em 2015 o primeiro banheiro feminino no congresso foi criado, que foi uma grande conquista para as deputadas, vereadoras, senadoras e todas as mulheres que trabalham no congresso. Em 2019, apenas 15% das 513 cadeiras da Câmara eram ocupadas por mulheres, sendo 77 deputadas cumprindo mandato, segundo a reportagem de Caroline Cesar, graças a lei que obriga que 30% das cadeiras sejam destinadas para candidatas mulheres, a luta feminina traz avanços, que tornam nossa sociedade mais inclusiva e equitativa. Atualmente temos leis sobre assuntos importantíssimos e que são deixados de lado. Como o crime de importunação sexual, que segundo o Site Agência Senado, a pena prevista para os casos de estupro: reclusão de seis a dez anos. A matéria foi proposta por meio do Portal e-Cidadania por um cidadão do Rio Grande do Sul. Já o Projeto de Lei do Senado (PLS) 503/2018, que amplia as penas para os crimes de homicídio e de estupro seguido de morte praticados contra menores de 18 anos, passou na CDH e, agora, está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Também o projeto de priorização de habitação que foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH), o Projeto de Lei (PL) 4.692/2019 dá prioridade às mulheres de baixa renda e vítimas de violência doméstica em programas de habitação social financiados por recursos públicos, como o Minha Casa, Minha Vida.

Assim como a Lei Maria da Penha, que prevê violência contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver, sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

A violência contra a mulher é um impasse social alarmante no Brasil, em panorama com alguns dados do Jornal Folha de São Paulo, em 2019 foram mortas mais de 1.310 mulheres vítimas de violência doméstica e por sua condição de gênero. Configurando-se como o que chamamos de feminicídio.

As mulheres também ocupam pouco espaço na liderança de grandes empresas, e recebem salários inferiores comparado aos dos homens para exercerem os mesmos cargos, segundo a pesquisa da EXEC de 2019. Em contraste, segundo o Jornal O tempo, as mulheres comandam 46% dos negócios próprios.

A triste realidade de como as mulheres são tratadas no nosso país é inaceitável e repugnante, é um cenário que precisa ser mudado, a sociedade precisa ser conscientizada, sendo pauta nas escolas e na mídia, tendo a consciência e buscando ações que fortaleçam as mulheres. É direito ter acesso e gozar os mesmos direitos que os homens, viverem em uma sociedade mais igual e inclusiva. O lugar da mulher é onde ela quiser, ter vida com dignidade e com igualdade, e que todo ato e ação sexista, machista e opressor seja repudiado.