O MAIOR PROBLEMA DO BRASIL

Parece até difícil identificar qual seria o maior problema do Brasil. A política é terrível, a saúde precária, a educação péssima,não existe segurança, economia caótica, sem contar meio ambiente, seca e provável falta de luz. Eu tenho minha opinião, o maior problema é o que impede a maioria dos brasileiros de melhorarem de vida, é a renda das famílias.

 

 

Vejam o quadro acima e vamos entender sua dramaticidade. Se somarmos os percentuais dos que ganham até R$ 5.500, temos 90% das famílias. Esses são os que ganham menos do que um salário mínimo do DIEESE, ou seja, o valor necessário para viverem um mês pagando pelo mínimo de comida, moradia, transporte e um pouco de lazer. Quem não ganha nem isso não seria nem classe média numa estatística séria, ou seja, são 90% de famílias pobres. Enquanto não tivermos ao menos a maioria dos brasileiros na classe média, ganhando acima do mínimo do DIEESE, seremos um país muito bom para muito pouca gente.

 

É possível mudar esta situação. É difícil e não é rápido, entretanto, depende muito do governo ter uma política de aumentar a renda das famílias, principalmente das que estiverem empregadas, que são as que têm mais chance de saírem da pobreza. Exige investimento, então não há como beneficiar todos de uma vez. Segue minha proposta para o próximo governo

 

1) ESCOLHER GRUPOS PRIORITÁRIOS

 

Num país de tantas necessidades, vejo três grupos prioritários. São os professores, os profissionais de saúde e os profissionais de segurança (policiais e empresas de segurança). São carreiras facilmente identificáveis que respondem por três das maiores necessidades. Educação, Saúde e Segurança Pública. Envolvem milhões de pessoas, porém, não são grupos ilimitados, pode-se fazer grande benefício com investimento menor. Estes grupos seriam o foco por 4 anos de governo. Ao final do ciclo, novos grupos prioritários seriam escolhidos.

 

2) ESTABELECER PISOS SALARIAIS MÍNIMOS DIFERENCIADOS

 

O salário mínimo no Brasil está em cerca de R$ 1.000. Já o salário mínimo do DIEESE é de R$ 5.000 para uma família de 4 pessoas, ou R$ 1.250 por pessoa. O primeiro passo da estratégia seria estabelecer como Piso Salarial Mínimo só para essas categorias o valor de R$ 1.250 por mês. Não é um salto absurdo na despesa e permite um aumento expressivo para milhares de pessoas. A maioria destes profissionais são servidores de prefeituras ou de pequenas empresas, o que se gastar a mais com eles, será consumido nos próprios municípios que pagam e retornará em outros tributos como ICMS e ISS. Estes pisos salariais seriam corrigidos anualmente 5% acima da variação do salario minimo do DIEESE, até o limite do próprio.

 

3) ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA ATÉ R$ 5.000 PARA OS GRUPOS PRIORITÁRIOS

 

A maioria dos profissionais dos grupos prioritários recebe acima do que seria o piso salarial mínimo, mas tem longo caminho até atingir os R$ 5.000. É preciso aumentar os ganhos destes grupos e a maneira mais fácil de fazer é isentar de Imposto de Renda os profissionais. Não será um aumento enorme de salário, mas quem ganha R$ 3.000 paga mensalmente R$ 92,50 deste imposto. Num ano, serão R$ 1.142,40 a mais de renda, que será gasta nos municípios onde se pagam os salários, girando a economia. Novamente, é um gasto para o empregador que é em parte recuperado pelo aumento das vendas. Esse limite de isenção também aumentaria anualmente de acordo com o salário mínimo do DIEESE.

 

4) FINANCIAR O GASTO COM CONGELAMENTO DE ALTOS SALÁRIOS

 

A melhor maneira de financiar estes gastos é congelando pelo período de governo o teto dos servidores nos valores atuais, sem nenhuma correção. Haverá perdas para um grupo de pessoas que é pago com dinheiro de tributos de toda sociedade (parlamentares, juízes, promotores, auditores) e que pode viver com o mesmo salário por um tempo. Afinal, ninguém que ganhe “apenas” R$ 39.293, 32 vai passar necessidades graves para viver com este valor. E são menos do que 2% da população que terão alguma perda.

 

CONCLUSÃO

 

Não há como o Brasil progredir de verdade enquanto 90% das famílias não ganham nem o mínimo para viver. Um país assim terá sempre insegurança e a cada crise milhões perdem empregos e retornam à pobreza. Não será com Bolsa Família e políticas assistencialistas que sairemos do ciclo, é preciso que as pessoas ganhem o mínimo para poderem cuidar de si próprias. Por outro lado, é impossível melhorar a situação de todos de uma só vez, não há recursos para tanto.

 

Minha ideia é loucura? Talvez seja, é preciso contas para ver se faz sentido. Eu não tenho certeza de qual é a solução para nosso maior problema. O que sei é que aumentar a renda das pessoas e por mais gente na classe média é a única maneira de reduzir os que dependem do governo e gerar um mercado consumidor maior que dê maior crescimento e estabilidade econômica ao país e que precisa começar de algum ponto, porque o que se fez até hoje é muito insuficiente.

 

 

Paulo Gussoni
Enviado por Paulo Gussoni em 12/10/2021
Reeditado em 27/10/2021
Código do texto: T7362286
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