A LAVA JATO E A HIDRA I

Em 23/5/ 2016, vem a público as conversas telefónicas entre Romero Jucá e Sérgio Machado, personagens de ponta na mais bem remunerada atividade nacional, a CORRUPÇÃO, tratando de como frear a Lavajato, promovendo o impeachment da Dilma e um pacto amplo e duradouro no sentido de neutralizar a Operação e a onda moralizante resultante e garantir impunidade duradoura aos membros da confraria do Dinheiro é Nosso. Vejam um trecho:

Jucá- Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar(...) Tem que ser política, advogado não encontra (inaudível) Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra...Tem que mudar o governo prá estancar essa sangria.

Machado- É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

Jucá- Com o Supremo, com tudo.

Machado- Com tudo, aí parava tudo.

Jucá- É. Delimitava onde está, pronto.

Machado- A situação é grave, porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado...

Jucá- Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com...

Estes trechos da conversa, só confirmam a intenção de convocar a “classe” para urdir um plano de resistência, mas se algum leitor tiver verdadeiro interesse em compreender os fatos que se seguiram, pode acessar facilmente a conversa toda de 1:15 h, na internet, onde, praticamente, confirmam a corrupção como prática comum na política e nomeiam os principais caciques da Orcrim.

Fatos e Conclusões

Analisando a conversa total, dois fatos são inquestionáveis “em nenhum momento eles se declaram inocentes ou questionam a existência do crime de corrupção passiva dos personagens citados” e “nenhuma palavra contra a lisura ou imparcialidade do MP e dos juízes da Operação”

Nenhum corrupto nunca aceitará a culpa, sempre será perseguição ou rivalidade política, em setembro de 2014, Paulo Roberto Costa firmou Acordo de Delação Premiada, confessou seus crimes e delatou 1 ministro, 3 governadores, 6 senadores e 25 deputados, que teriam retirado polpudas propinas dos cofres da Petrobras, todos se declararam inocentes e vítimas de um complô político eleitoral, tinha aprendido direito a primeira lição da advocacia de defesa, negar, negar, negar sempre.

Em 12/10/2014, o governo suíço bloqueava mais de 100 contas bancárias provenientes da Lavajato e confiscava mais de 400 milhões de dólares, importância que alcançaria até 2017, um bilhão de francos suíços, mais de três bilhões de reais à época.

Para que não pairem dúvidas, cabe informar que os partidos padrinhos dos diretores desonestos da Petrobras e dos políticos ladravazes, foram o PT, PMDB e PP.

Conservo no meu arquivo a relação dos 249 políticos, com seus respectivos apelidos, constantes do arquivo do Setor de Operações Estruturadas (Setor de Propinas) da Odebrecht, entregue por Luís Eduardo Soares, gerente de subornos internacionais, investigado junto com a empresa pelo Departamento de Justiça Americano.

Por uma questão de justiça e para não ser acusado de imparcial, permito-me relacionar todos os partidos políticos, embora menos representativos que os acima nomeados, constantes da planilha delatada, PSDB, PTB, PSB, PDT, REDE, DEM, PC do B, PPS, PV, PR, PSD, PRB, PTC. Não resta dúvida de que a matriz do crime era democrática.

Cabe frisar que se trata de apenas uma empresa corruptora, embora a mais importante, pela sua atuação internacional e por pertencer ao amigo do amigo, mas não poderemos deixar de lado as alunas bem aplicadas, Andrade Gutierres, Camargo Correia, OAS, UTC, Engevix, Mendes Junior e Queiroz Galvão, que diligentemente ajudaram governos progressistas a espoliar o futuro dos brasileiros.

A Lavajato progride, as operações se sucedem, as negociatas aparecem e a Operação alcança repercussão mundial, os membros do MP são premiados e homenageados, o Juiz é declarado em 2018, em Nova York, a Pessoa do Ano e recebe inúmeros títulos de Cidadão de prefeitos e governadores, em 2016, o Instituto Ipsos apontava que 80% da população apoiava a Operação e sua continuação e em 2017, Modesto Carvalhosa diz que a Lavajato é um modelo mundial de “eficácia, produtividade, capacidade, profundidade e rapidez no julgamento de casos de corrupção”

As multas das delações premiadas, os confiscos de valores ilegais e, principalmente as indenizações provenientes dos acordos de leniência, logicamente causaram prejuízos aos réus e desestruturação às empresas envolvidas com a consequente perda de atividade económica e aumento do desemprego, o que levou aos primeiros questionamentos sobre a conveniência do combate à corrupção, que passaram a ser vitaminados com artigos tendenciosos patrocinados pelos interesses políticos atingidos e a narrativa “a Lavajato quebrou o país” da CUT.

A prisão do ex-presidente Lula, acaba de acirrar os ânimos e politizar as razões, os argumentos e versões chegam ao ponto de dizer que ele teria sido preso a mando de Washington, a esquerda usa o slogan “Lula Livre” de forte apelo emocional para tentar ganhar a eleição contra uma direita que tinha incorporado o espirito da Lavajato e prometia uma luta incansável contra a corrupção.

Chega a eleição e, talvez, o pior candidato é eleito surfando no repúdio popular à roubalheira do governo anterior, denunciada e provada pela Lavajato e o novo presidente possa de honesto e moralista, esquecendo os pecadilhos de seu passado parlamentar e familiar.

Provando que seu governo, por falta de interesse e competência, seria um monumento de aparências, propaganda e espetáculo, seduz o juiz da Lava Jato para formar no seu ministério e aportar credibilidade.

Com o inimigo nº1 da corrupção distraído na sua nova e difícil missão e um presidente manso e leniente com o assunto, estava chegando a hora de consolidar aquele acordo de que tratava Romero Jucá, pois a Hidra já tinha recuperado suas cabeças e reposto seus níveis de veneno e ódio.

http://g1.globo.com/hora1/noticia/2016/05/audios-vazados-revelam-planos-de-romero-juca-para-abafar-lava-jato.html

Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 26/11/2021
Reeditado em 25/05/2022
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