A LAVA JATO E A HIDRA IV

Para tentar entender e avaliar a ameaça que representa ao bem comum e futuro nacionais, a campanha maciça, subversiva e criminosa contra a Lava Jato, seus membros e, principalmente, seu espirito, seria fundamental nós conhecermos os quantitativos que o crime por eles combatido, a CORRUPÇÃO, representam em prejuízos concretos para o desenvolvimento do país e a redução da desigualdade social que nos infelicita.

A prática, ampla, geral e irrestrita do crime, de forma usual e cada vez mais relativizada, nos três níveis da Administração Pública de seus Três Poderes, que eu, por adequada analogia, a apelidei de HIDRA, pois qual a mitológica serpente, possui inúmeras cabeças para morder recursos alheios e se cortar uma, com certeza logo será substituída por outra mais esperta e produtiva, estava sendo assimilada culturalmente como mais uma faceta do caráter brasileiro, apenas mais um jeitinho malandro, mas a bisbilhotice da Lava Jato deu uma quebrada de paradigma, o negócio não era a caixinha do jogo do bicho na delegacia, não era a nota de 20 dentro dos documentos do carro para o guarda, não, o negócio era bilionário, o negócio arranhava o PIB e uns procuradores entusiasmados e um juiz, que não era uma de tantas cabeças da Hidra, tiveram a audácia de jogar a lama no ventilador.

Devido à coleta, tabulação e divulgação dos prejuízos causados pela corrupção serem arma mortal contra a corrupção, não existe nenhum interesse nem política oficial de apoio a essa atividade, já que como dizemos, a Administração Pública é sinônimo de Hidra Institucional, pelo que o MPF e algumas heroicas Ongs, como Transparência Internacional, Contas Abertas, Todos Contra a Corrupção, AMARRIBO, INAC, AVB, etc. conseguem fornecer alguns dados parciais sobre a sangria e seus efeitos.

Nos meus artigos de dias atrás “O Monstro que nos Devora” e “Suicídio Lento e Gradual” eu forneço alguns dados sobre os rombos causados pela Hidra no PIB, no fornecimento de educação, emprego, saúde, moradia e saneamento básico para dar uma ideia sobre o hediondo e continuado crime que a Hidra pratica contra o indefenso povo brasileiro.

No meu artigo “A Lava Jato e a Hidra III” tento passar uma ténue imagem da desproporcional, insana e criminosa campanha de difamação contra a ação da Lava Jato, seus membros e o combate contra a corrupção, urdida, instrumentalizada e financiada pela elite corrupta que compõe a Casta Dominante Exploradora Brasileira ou na minha visão, a Hidra, que numa reação de sobrevivência expele veneno e ódio por todas suas cabeças.

A composição sociocultural e funcional dessa massa detratora é multifacetada, mas eu dividiria em dois grandes grupos, os “legitimamente interessados” e os “inocentes úteis”.

No grupo dos “legitimamente interessados” militam todos aqueles que se locupletam da prática criminosa da corrupção, seja ativa ou passiva, ou seja, as cabeças da Hidra, sendo as principais: Chefes de executivo dos três níveis que recebem propinas na forma de doações de campanha, contribuições para entidades sociais de parentes, honorários por palestras fictícias ou transferências sigilosas e ilegais de valores em pagamento de medidas de governo que favoreçam determinado grupo econômico ou profissional; Ministros e secretários que pratiquem ilegalidades semelhantes; Parlamentares, dos três níveis, que aceitam recursos e empregos públicos como pagamento para votar matérias do executivo, impopulares ou contrárias ao interesse dos eleitores, que aceitam propina do loby para votar matérias favoráveis a grupos empresariais e, fundamentalmente, que votam ou modificam leis que dificultem o combate à corrupção e flexibilizem ou impossibilite a punição, promovendo assim a impunidade; Ministros de tribunais superiores, desembargadores e juízes singulares que emitem sentenças dissociadas do Direito a troco de pagamento em forma de recursos, favorecimento funcional, objetivo político, associação ilegal, nepotismo, amizade, rivalidade ou inveja; Procuradores, promotores e policiais que prevariquem ou persigam pelos mesmos motivos; Agentes de fiscalização que pelos mesmos motivos, deixem de autuar as infrações conhecidas; Empresários que por motivo torpe suborne agente público, financie ilegalmente campanha eleitoral ou despesas de agente político; Financistas, banqueiros e cambistas que manipulem ou omitam informação sobre recursos de origem criminosa e facilitem a lavagem de dinheiro ilícito, etc., etc., etc.,

O grupo dos detratores “inocentes úteis” embora numerosíssimo e complexo, me parece ser formado por algumas poucas categorias: Os invejosos doentios, aqueles que nunca manifestaram seu despeito pelo sucesso alheio por causa da popularidade dos atores à época, mas agora, no embalo do “joga M na Gení” eles extravasam todo seu fel sempre que surge uma oportunidade, o ministro Gilmar foi uma exceção, destilou seu ódio desde o primeiro momento, ciúme de homem é fogo; Os pseudo juristas querendo mostrar erudição a respeito das hipotéticas máculas processuais, descobrindo assim suas falhas filosóficas no entendimento do Direito, menosprezando o objetivo maior, a justiça justa, a punição do criminoso para o reparo moral à vítima; Eleitores cativos das duas correntes políticas em conflito, falo “políticas” porque falar em ideologia no país da Hidra, depõe contra a seriedade do assunto, são as cabeças mais teimosas da Hidra, elas teimam em condenar a Lava Jato, os Mortadelas não aceitam em hipótese alguma que a Operação tenha se atrevido a desmascarar a “pessoa mais honesta deste mundo” e a turma do Mito não aceita que o Juiz tenha tido o desplante de deixar o ídolo falando sozinho e ainda ter a audácia de ameaça-lo eleitoralmente; A imprensa chapa branca e a lulista por motivos óbvios, defendendo seus particulares interesses e ignorando os da comunidade; Os yotubers, comentaristas, inflencers e toda a fauna das redes que tentavam apresentar uma pose de isenção que não lhe prejudicasse o número de acessos, ao estourar a consequência eleitoral da Lava Jato, correram em defensa de seus ideais e patrões com ataques desproporcionais e inesplicáveis; Finalmente, a massa cidadã desinformada ou desatenta que se deixou iludir pela desinformação subliminar, as narrativas mirabolantes e teorias da conspiração que têm o poder de iludir os ingênuos pela falsa sensação de informação privilegiada que causam com a suposta revelação de fatos secretos e informações seguras de misteriosos espiões de agências de inteligência estrangeiras.

Resumindo, os “legitimamente interessados” que formam as piores cabeças da Hidra, pois são as que mordem, são na pratica os que tem uma racional explicação e motivos lógicos para seus ataques à Lava Jato e a seus membros, pois parte deles foi pega com a mão na botija e sofreram os rigores da Lei, que por então ainda existia, e o resto tenta a todo custo defender sua criminosa e lucrativa atividade, já, os “inocentes úteis” seriam mais passíveis de culpa pela sua atuação efetiva na difamação da Operação e nos ataques a “possíveis” candidatos a ela ligados, pois não sendo, supostamente, corruptos, muitos por falta de oportunidade, eu imagino, eles não teriam motivação racional para tal, apenas vaidade, irresponsabilidade e estupidez.

Embora a desinformação, sub-repticiamente promovida pela Hidra, sobre os efeitos nocivos causados pela corrupção à sociedade e ao país possa atenuar a responsabilidade dos detratores da Lava Jato, não poderemos ignorar que, consequentemente, eles estão tomando partido do crime contra a justiça e dos criminosos contra o povo brasileiro.

Do exposto nos últimos cinco artigos sobre os tópicos Corrupção, Hidra e Lava Jato, tentarei trazer algumas reflexões e conclusões proximamente.

Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 29/11/2021
Reeditado em 03/01/2022
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