O ESTELIONATO

Lembro que as diretrizes lançadas durante a campanha do Sr. Jair Bolsonaro se apresentavam como uma promessa de “restauração nacional” pena que se tratassem de promessas eleitorais, já um tanto batidas pelo seu uso costumeiro pelos marqueteiros de plantão e proferidas por um personagem pouco confiável, devido ao seu não recomendável perfil de político medíocre e fisiológico.

Os objetivos globais da “nova política” preconizada para a “restauração nacional” eram:

Na área política:

Promessa: Acabar com a reeleição e diminuir o número de parlamentares.

FATO: A partir do primeiro dia de mandato passou a instalar na estrutura da Presidência um aparelho de propaganda eleitoral, ultimamente escancarado, com vistas a 2022. Esqueceu o discurso moralizante a respeito do mastodonte legislativo e, pelo contrário, dentro do acordão da ignomínia, ou dos Três Poderes, fez cara de paisagem diante das tentativas dos dois presidentes legislativos se reelegerem.

Promessa: Diminuir o número de ministérios para quinze.

FATO: Tomou posse com vinte dois, criou mais dois e tem um terceiro a desmembrar do da Economia já na forma, a promessa deve ser para o próximo mandato.

Promessa: Escolher os cargos públicos exclusivamente por critério técnico.

FATO: No começo até que foi cumprida, mas depois chegou-se à conclusão de que dava muito trabalho e decidiu delegar a incumbência e a Casa Civil ao Centrão, órgão mais técnico e idóneo.

Promessa: O fim do Toma Lá, Dá Cá.

FATO: Fez aliança com a Nova Política representada pelo Centrão, a quem já entregou saborosos nacos da Administração Pública, inclusive a Liderança do seu governo na Câmara, a Casa Civil e a Secretaria Geral que aperfeiçoaram o desgastado Mensalão Petista para uma forma mais eficiente e menos transparente, o Orçamento Secreto, e para que não pairem dúvidas quanto à pureza de seus propósitos, filiou-se ao impoluto PL do mensaleiro Valdemar Boy da Costa.

Promessa ou a mãe de todas as promessas: A luta contra a corrupção.

FATO: Boletim da Transparência Internacional, de 2019, situou o Brasil na pior média histórica com apenas 35 pontos e denunciou o aumento das tentativas do Planalto de influir no órgãos de controle, tudo de acordo com os fatos amplamente conhecidos pela população, como a mudança do Coaf, as manobras para mudar superintendentes da PF em estados críticos para a família Bolsonaro, acobertamento de ministros corruptos como Onix Lorenzoni e Marcelo Álvaro António, estreita relação de política e negócios com investigados históricos da Lavajato, como

Arthur Lira, Ciro Nogueira, Fernando Bezerra, Luís Carlos Heinze, e leniência na tramitação do pacote anticrime e da lei do abuso de autoridade, numa simbólica postura de apoio aos corruptos, num claro condicionamento moral pelo seu passado corrupto e venal.

Na Área Econômica

Promessa: Reduzir em 20% a dívida Pública.

FATO: Da redução prometida de 20% sobre os 3,87 trilhões de 2018, ao aumento acumulado previsto, até o fim deste ano, de estimados 50%, teremos um aumento nominal de 70%, o que leva a um montante estimado de 5,8 trilhões em 31/12/21, aproximando-se de 100% do PIB, o que significaria uma catástrofe económica.

Promessa: Valorização da moeda e controle da inflação.

FATO: Dólar em 31/12/2018 R$ 3,874 Dólar em 03/12/2021 R$ 5,68, Valorização da moeda estrangeira 46 % Desvalorização da moeda nacional 31,5%. Inflação em 31/12/18 = 3,75% inflação acumulada até 30/11/2021 = 18,65% = Aumento médio de 65,7%. Sem comentários.

Promessa: PIB de 2019 crescerá 3,2%

FATO: O crescimento do PIB de 2019 ficou em 1,1%, 65% menor. Acho que não era promessa, era só garganta.

Promessa: Redução da carga tributária bruta e unificação dos impostos federais (registrada no plano de governo)

FATO: A unificação está sendo aguardada para um dia...quanto à redução, essa sim anda célere, a redução dos descontos relativos a educação e saúde no imposto de renda está quase pronta, uma nova CPMF com um novo nome, que a gigantesca estrutura de comunicação e propaganda do Mito, ainda não conseguiu idealizar para tirar o gosto amargo, está a caminho e não demora, agora, desoneração dirigida para empresas amigas, isso sim, isso sangra o pais mas dá apoio e pode ser contabilizado como incentivo a um setor qualquer da economia e, sabe como é, campanhas são caras. Disparates como conceder incentivos fiscais a locadoras de automóveis, e importação de armas são difíceis de explicar até pelo mais qualificado robô do “gabinete”

Promessa: Desonerar a folha, acabar com a unicidade sindical e simplificar abertura e fechamento de empresas.

FATO: São medidas positivas e simpáticas, que eu, candidato também venderia, mas que continuam aguardando providências presidenciais, custosas por causa do tempo escasso de S.Excia., envolvido na proteção da família e amigos.

Promessa: Passar de déficit para superávit primário (registrada no Plano de Governo)

FATO: Déficit Primário foi de 743,1 bilhões, em 2020, o pior da história, o déficit de pagamentos no governo JB está por volta de 150 bilhões, enquanto isso, nossa política fiscal maluca, concede isenção para dividendos empresariais que drena 300 bi anuais no orçamento. Um desastre gerencial levando-nos uma crise sem precedentes, que só não assusta os leigos e desavisados, mas apavora os graduados do Ministério da Economia, senão vejam a fuga de seus profissionais qualificados e aguardem para breve a fuga do papagaio de Chicago, eles sabem o que vem por aí e ninguém quer ser pai de filho feio.

Promessas diversas: Fundo Nacional da Pessoa com Deficiência. Independência do Banco Central, Mudar a Base Comum Curricular Nacional e extinguir a Aprovação Automática nas escolas, Repasse para Estados e Municípios para Saneamento, Titularizar Terras Indígenas, Destinar o Dinheiro das Privatizações para Pagamento da Dívida pública, Criar o Prontuário Nacional Eletrônico Interligado, Fazer o Credenciamento Nacional dos Médicos, Estabelecer nos Programas Neonatal em Todo o País as Visitas ao Dentista pelas Gestantes, Acabar com a Progressão das Penas, Reduzir a Maioridade Penal, Acabar com a Audiência de Custódia.

FATO: Essa promessas e algumas outras menos emblemáticas fazem parte da fila de espera na atenção do “salvador nacional”. Umas tem justificativa, como as referentes à educação, que ainda aguardam o final do vestibular para ministro, para que o laureado ponha mãos à obra, outras, como as ligadas à saúde, são mais difíceis de equacionar, já que o Mito ainda não achou um colega médico que concorde com seu protocolo da cloroquina, enquanto a pandemia expande seu morticínio e cimenta a desculpa para o fracasso que vem aí, já as demais promessas aguardam bom tempo e a lembrança do profeta que as prometeu.

Como se deduz dos fatos expostos, o atual governo é um fracasso, fruto da eleição de um candidato incapaz numa campanha vitaminada pela rejeição geral ao lulopetismo e promessas falsas e demagógicas, num típico estelionato eleitoral. Na bem aceitada máquina de propaganda governamental, ainda não apareceram as últimas conquistas, como o 84º lugar no IDH mundial, o 73º do Pisa, o 67º na Renda Per Capita, o 8º em desigualdade social e um vitorioso 2º lugar, atrás somente do Catar, na Concentração de Renda.

Infelizmente, fica provado que não é possível governar somente com propaganda, factoides, fake news, motociatas, apoio de PMs, militares de pijama e pastores da sacolinha, é necessário muito mais , principalmente, TRABALHO, seriedade, espirito público, postura, responsabilidade cívica e caráter.

Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 04/12/2021
Reeditado em 04/01/2022
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