POR QUE O BRASIL NÃO DECOLA?          

           Poderíamos dizer, numa analogia aeronáutica, que um país é um avião, onde o piloto seriam os líderes políticos, as turbinas, o espirito de trabalho da população, e os flaps e leme, a educação, ciência e tecnologia da nação.

            A condição básica para empreender uma viagem para o futuro, seria o local de destino e o plano de voo, atribuição do piloto e copiloto, ou seja, um projeto de nação elaborado pela elite sociopolítica do país com a anuência da maioria da sociedade nacional, com objetivos de crescimento socioeconômico e felicidade geral.

            Uma vez definido o rumo e checados os instrumentos, é chegada a hora de ligar as turbinas, testar força, alinhar flaps e leme, e decolar, ou seja, vamos revisar e implementar as ações de governo em todas as áreas, motivar o empresariado, o capital, a academia e os trabalhadores, e controlar e dirigir essa sinergia rumo à meta.

            Mas, que aconteceu? O avião acelera, hurra, treme, gasta combustível e não sai do chão. O piloto esqueceu o plano de voo e o destino, as turbinas estão sem força pelo desgaste e falta de lubrificação, e flaps e leme estão inoperantes por pura obsolescência e falta de manutenção.

            O Brasil é um super avião, grande, muito grande, mas muito pesado, e seus pilotos não têm conseguido fazer ele decolar e muito menos, voar, não por falta de capacidade das turbinas, não, mas pelo simples despreparo e inapetência da equipe de voo e de cabine, eles não são oriundos de escolas técnicas preparatórias e habilitados por larga experiência profissional, não, eles são escolhidos pelos capitalistas donos da empresa entre parentes, amigos e elementos dissimulados que saibam agradar e engabelar os passageiros.

Deixando a alegoria do avião um pouco de lado, mas não esquecendo-a, analisemos o porquê de nossos pilotos políticos não terem a capacidade de fazer decolar nosso avião Brasil. Fácil, nenhum dos últimos desastres presidenciais, tinha a mínima experiência administrativa, um tinha “administrado” um sindicato, outra tinha quebrado uma loja “todo a 1,99”, outro terceirizou a administração de uma “rachadinha”, e o que chegou mais perto, foi presidente da Câmara, onde a capacidade é muito mais política que de gestão.

Sim, dirão alguns, mas para isso tem o ministério. Sem dúvida, para isso deveríamos ter ministérios técnicos ocupados por pessoas suficientemente competentes para ostentar a necessária autonomia profissional para seguir o curso de ação rumo ao objetivo.

Que curso de ação, que objetivo? O piloto, digo, o presidente sentou na cabine, digo na poltrona presidencial e, aí, é que foi ver que não tinha planos, que só tinha promessas de campanha, e que não tinha puta ideia de como realizá-las e, na realidade, o que ele tinha era um plano de campanha pela reeleição e ia precisar de um ministério moldado para esse fim.

Tudo bem, dirão outros, mas nós elegemos nossos representantes para vigiar o governo e zelar pelos nossos interesses, a equipe de cabine, os comissários, incumbidos de zelar pelo nosso conforto e segurança e servir de contato com o comandante.

Infelizmente, os passageiros deste nosso avião, não sabem escolher seus representantes, não prestam atenção ao desempenho deles nos últimos voos e acreditam nas lorotas e mentiras de campanha e o resultado é comissários que não te olham na viagem, só prestam atenção à cabine de comando e ainda devoram as refeições que eram para nós.

Resumo da realidade, executivos federais, estatais e municipais sem o mínimo preparo ou motivação, na grande maioria provenientes de oligarquias regionais e familiares, candidatos a um cargo onde tenha poder de fogo para articular e financiar a reeleição ou a progressão de nível. Tanto os filhotes com pedigree mais antigo, como os novos aventureiros, têm características semelhantes, e a principal é o furor arrecadatório, vital para alimentar as cabeças da Hidra da Corrupção, indispensáveis para ir vitaminando a caixinha da próxima campanha, fazer os agradinhos à base parlamentar e manter as mordomias do Judiciário no mesmo nível desejado de impunidade e cumplicidade.  

Os comissários: Deputados e vereadores eleitos pelo cidadão para defender seus interesses e fiscalizar o governo, são o maior lastro deste nosso avião, eles pesam pelo prejuízo que supõem para os cofres do país e, principalmente, pela carga negativa que sua nocividade e canalhice impõem ao povo.

Acredito que os longos anos de espera, aguardando nosso avião decolar, devem ter danificado os cérebros nacionais, porque só assim para que milhões de cidadãos ainda esperem voar com essa tripulação.

Chega de esperar, vamos trocar a tripulação completa e a Companhia, vamos trocar de agência de viagens, vamos reservar na Esperançatur - Uma Viagem para o Futuro.

 

Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 31/01/2022
Reeditado em 11/03/2023
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