O EFEITO BORBOLETA E A GUERRA NA UCRÂNIA

 

      "O simples bater de asas de uma borboleta no Brasil pode ocasionar um tornado no Texas”. 

       Edwuard Lorenz- Teoria do Caos 

 

 

Um dos ensinamentos da Cabala diz que é impossível separar o bem do mal, porque ambos fazem parte de um sistema e são necessários para a construção da realidade universal. Esses dois conceitos são como os polos de uma corrente elétrica, sem os quais a energia que ela transmite não pode se manifestar. Sem a presença do antagonismo polar é como se a energia simplesmente não existisse, pois ela não pode ser detectada nem medida.

Esse também é um interessante ensinamento que as descobertas da física quântica está nos dando. No mundo atômico (que é o mundo onde se situam as origens do mundo real), a informação referente a uma determinada quantidade de energia (ou quanta) não pode ser medida em sua singularidade, mas apenas dentro de um sistema. Isso implica em dizer que toda a materialidade do universo, tal como ela é – um conjunto de coisas que podemos ver, ouvir e sentir- constitui um sistema que está ligado pelas suas raízes, que é a informação quântica que uma partícula transmite à outra no processo de interação.

No mundo quântico, uma partícula, ou onda, não carrega informação de si mesma. Ela é a própria informação. Assim, quando uma influencia o comportamento de outra, não é por indução que isso ocorre, mas por simbiose das propriedades de cada uma. Elas se misturam, formando um sistema energético. Por isso é impossível separar, estudar ou medir as propriedades de uma partícula em sua individualidade porque depois que ela faz interação com outra, o que resulta é algo totalmente diferente das partes integrantes do sistema.

Os filósofos gnósticos e hermetistas diziam que o que está fora é igual ao que está dentro, o embaixo é igual ao que está em cima e que o universo nada mais é do que uma moeda de duas faces, onde o que existe em uma também será encontrada na outra. Corroborando essa intuição, os taoístas, discípulos de Lao Tsé, criaram a noção, ainda hoje muito respeitada, de que o mundo se equilibra entre yin e yang, que podemos simplificar como positivo/negativo, masculino/feminino, bem/mal, Deus/Diabo etc. ou seja, um processo dialético no qual ação e reação dão origem a todos os fenômenos do mundo real.

Todas as pesquisas feitas nos laboratórios de física nuclear estão confirmando a veracidade dessas intuições dos antigos taumaturgos e filósofos que elaboraram essas especulações.

Desse conhecimento podemos inferir que o que acontece no mundo quântico, ou seja, o mundo interior da matéria, onde todas as realidades do universo se formam pela troca de "quantas" de energia, também ocorre no mundo dos seres humanos, no qual nossas consciências são formadas pela troca de informação entre as pessoas.

O mundo físico, com seu entrelaçamento social, econômico, político e principalmente no campo da comunicação está cada vez mais parecido com o mundo quântico. Hoje fazemos parte de uma rede de relações na qual os indivíduos não são mais identificados e julgados separadamente do sistema a que pertencem. Tornamo-nos tão dependentes uns dos outros que qualquer acontecimento, no canto mais remoto do planeta, repercute no planeta todo como se estivesse acontecendo no nosso quintal. Estamos vivendo na aldeia global de que falava o filósofo da comunicação Marshal MacLhuan nos anos setenta. É nesse sentido que a nossa responsabilidade aumenta, porque o bem ou o mal que fazemos não se circuscreve apenas ao pequeno sistema em que nos movimentamos, que é a nossa família, nosso círculo de amizades, nossa comunidade. 

Na situação em que vivemos hoje todos somos "borboletas" batendo asas em algum lugar do planeta e provocando fenômenos em outros lugares do mundo, como disse Edward Lorenz em sua teoria.

Assim, o que está acontecendo na Ucrânia, por mais longe que pareça estar de nós, na verdade está acontecendo no nosso quintal. E as consequências serão inescapáveis para todos nós.