O CHARME DA CORRUPÇÃO

Ontem assisti uma matéria de Eduardo Oinegue na BandNews, sobre o tema “Desde ontem, Lula pode processar quem chamá-lo de ladrão” e, sinceramente, fiquei chocado com o malabarismo retórico, digno do meu conterrâneo Luís de Góngora, do excelente jornalista, que num exercício de tese e antítese sobre a morosidade da Justiça Brasileira, omitiu, sub-repticiamente, opinião sobre a qualidade de suas decisões, mas deixou patente, subliminarmente, a imagem de um Lula absolutamente injustiçado.

Mas não foi esse o motivo principal do meu espanto, foi a formula usada para justificar para sua consciência e induzir para seu público a ideia da total inocência do condenado e o acerto final da Justiça. Ele se socorreu da nova fórmula para explicar a decadência política, social e moral dos últimos vinte anos, o ataque covarde e infame a um dos poucos funcionários públicos que honraram sua missão nesses mesmos vinte anos, o Juiz Moro.

Uma pena, um profissional competente e conceituado, enfeitiçado pelo charme da praga e juntando sua cabeça à Hidra, na missão de expelir ódio e mentiras para afastar quaisquer ameaças a sua funcionalidade e existência.

Faço referência a este profissional, porque por acaso o acessei ontem, mas tenho consciência de que a maioria dos comunicadores nos diferentes canais da mídia, a partir de 10 de outubro passado, viraram lulistas e juristas desde pequeninhos e elegeram o candidato Moro o anticristo da justiça e honra nacional, dependendo de sua destruição a recuperação da prosperidade e felicidade geral da Nação.

Há canais, a exemplo do Galãs Feios, que chegam a dar engulhos quando iniciam o culto de santificação do mártir São Luís Inácio, elevando-o ao altar, mas sempre com cuidado de esconder a caixinha dos pixulecos, perdão, doações.

O que aconteceu? Como as leis da lógica e da realidade foram subvertidas no país e o branco virou preto, os facínoras agora são profetas e soltaram Barrabás para crucificar Cristo no meio de dois ladrões? Foi a praga da corrupção, com seus polpudos ganhos, sua impunidade garantida pelos nossos legisladores e juízes venais, sua aceitação social facilitada pelas narrativas mirabolantes de jornalistas, comunicadores e escritores beneficiários da economia paralela do Sistema (Hidra) e, finalmente, o CHARME, pois fazer parte da Hidra dá status, é moderno, atual e projeta imagem de poder e inteligência.

Já quem se atreve a criticar a praga, a apontar suas pérfidas consequências para o desenvolvimento do país e justiça social, é “out” está por fora, é antiquado e ultrapassado, tem dificuldade de relacionamento no trabalho e nos grupos, sociais e até familiares, não tem, em hipótese alguma, qualquer chance de carreira política e muitas dificuldades em carreiras públicas, fiscais, juízes, promotores e procuradores, policiais, etc. Resumindo, é um ponto fora da curva.

Houve, em 2018, uma fresta da luz da esperança, uma candidatura prometendo a luta contra a Hidra, era de mentirinha, mesmo iludindo os ingênuos esperançosos com o recrutamento do funcionário símbolo do bom combate, o candidato egresso do covil dos inimigos do povo, um corrupto de baixo escalão, alimentando-se porcamente de rachadinhas eNFs falsas, pois nunca foi aceito junto com as cabeças superiores da Hidra, mostrou logo para o que vinha: Recuperar os 28 anos perdidos recolhendo migalhas. Assim passou a minar sorrateiramente os alicerces legais do combate à praga e a garantir sua cabeça coroada na Hidra. Hoje ele é um detrator mais virulento da ameaça Moro, do que o próprio santo injustamente condenado.

Os dois candidatos campeões de intenção de voto, segundo as pesquisas feitas por empresas, todas elas suspeitas pela inegável força do vil metal, num mundo de lógica, normalidade mental e mediano nível educacional, seriam a garantia da continuidade da anómala situação de um país governado por um sistema corrupto e escravocrata a caminho de seu colapso como sociedade e nação autónoma.

Mas por que esse eleitorado não enxerga isso? Porque como eu já escrevi antes, todos os índices positivos vêm caindo nos últimos vinte anos, inclusive o QI médio que hoje se situa em 71º lugar com 88 pontos. QI baixo e o charme da corrupção, eis a fórmula da popularidade dessas duas desgraças.

Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 10/03/2022
Código do texto: T7469634
Classificação de conteúdo: seguro