Democracia não é Teocracia: apontamentos sobre o período pré-eleitoral

Em todos os pleitos eleitorais procuro, voluntariamente, definir o que é Democracia e descrever o funcionamento do sistema democrático, em sua forma Direta, como fora criado pelos atenienses na Grécia Antiga, no século V a.C., em sua forma Representativa, que é a mais utilizada no mundo, sendo aquela em que o povo vota e elege seus representantes. Também cito a forma Mista ou Plebiscitária, que é a forma utilizada no Brasil, sendo a junção da Democracia Direta e Representativa. Isso ocorre porque o Artigo 14 da CF/88 prevê o Plebiscito, o Referendo e a Lei de Iniciativa Popular como forma direta e, assim, define a nossa Democracia:

Art. 14. “A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.”

O termo Democracia, significa "governo do povo" ou "governo de todos", como bem definiu Abraham Lincoln: "A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo".

Portanto, sendo a Democracia o governo do povo não cabe, nesse sistema, a utilização do nome de Deus, do Cristo, dos santos, dos orixás e dos entes sobrenaturais para pedir votos, fazer campanhas políticas e, muito menos, comparecer em locais de cultos e adoração às divindades com tal propósito nefando.

Os entes divinos não são eleitores, não possuem títulos de eleitor, não são filiados a partidos políticos, não são adeptos às ideologias de direita, esquerda ou centro. Ninguém é ou será eleito em seus nomes porque eles, também não são cabos eleitorais, não autorizaram nenhum líder religioso a pedir votos em seus nomes, nem que utilizem a "Casa de Oração" como local de comício. Menos, ainda, que utilizem a membresia como curral eleitoral.

Usar o nome divino, templos religiosos, shows de música gospel, cultos, procissões ou quermesses com fins políticos-eleitoreiros deveria ser criminalizado, independentemente para quais candidatos ou quaisquer partidos e/ou ideologias fossem.

Lembrando, que o segundo Mandamento, descrito em Êxodo 20, afirma, categoricamente, que Deus não terá por inocente quem usar o seu Santo nome em vão. Que isso sirva de aviso aos politiqueiros e enganadores de plantão!

O que eu estou afirmando e reafirmando é que os ex-presidentes Collor, FHC, Lula, Dilma e Temer, assim como nosso atual presidente, Jair Bolsonaro, foram eleitos pelo voto popular, como outros que os antecederam. O povo os elegeu, embora alguns, no passado, tenham sido eleitos pelo Colégio Eleitoral, como Tancredo Neves, mas nenhum deles conquistou o cargo por nenhuma divindade. Alcançaram seus postos por responsabilidade da população. O povo é o único responsável pelos políticos que elege.

Portanto, não faça da Democracia, o governo do povo, uma teocracia, o governo divino.

Não jogue no colo de Deus, do Cristo e dos entes sobrenaturais a nossa responsabilidade, enquanto eleitores e cidadãos. Somos nós que elegemos nossos representantes políticos através do nosso voto direto e secreto.

Não faça de um evento que deveria exaltar a Cristo, como a "Marcha pra Jesus", por exemplo, virar palanque de líderes religiosos inescrupulosos, mercenários da fé e do falso "Messias" que eles, os líderes, gananciosamente, apoiam. Não se esqueça, "Deus não divide sua glória com ninguém" e o papel da igreja é exaltar e adorar a Cristo, não ser serviçal de candidatos a cargos públicos.

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 12/07/2022
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