Talvez só o medo da catástrofe final nos salvará.

Talvez só o medo da catástrofe final nos salvará.

Publicado no site da Folha de São Paulo de 29/08/22, e no Blog Diário do Poder de 24/8/22

Poucos leem e a maioria não entende o que leram, devido à baixa formação intelectual que tiveram.

Notícias, interpretações e proposições para a solução do caos social são várias. As pessoas não querem mais saber de tragédias e anúncios de dias difíceis no futuro – preferem comicidades, vulgaridades, superficialidades.

- Uma grave crise climática atinge o planeta e a humanidade não percebe a gravidade da situação: o aumento do nível do mar inundando as regiões litorâneas; o aquecimento da atmosfera provocando mudanças nos regimes de chuvas, ventos, temperaturas, afetando plantações, estilos de vida e o comercio internacional. Neste sec. XXI, provavelmente, ocorrerá a morte de bilhões de pessoas pela guerra na disputa por alimentos, ou pelas novas epidemias, ou pela fome, ou pela inadaptação de populações inteiras às novas condições climáticas.

- As novas tecnologias já começam a dispensar mão de obra e não haverá emprego para todos. Alguns poucos milhões de pessoas, capacitadas, serão capazes de operar o aparato produtivo e distributivo de bens e serviços, com graves consequências sociais e políticas na organização e no funcionamento das sociedades democráticas.

O desenvolvimento da informática e da inteligência artificial, junto com os imensos bancos de dados interligados, possibilitará a interferência da classe dominante na privacidade de todos, induzindo modos de consumo, maneiras de pensar e de viver, tudo adequado aos seus interesses de manutenção do poder.

- A progressão da concentração de renda, consolidará uma classe dirigente, fornada de pessoas competentes, mas afastadas da reflexão ética. Viverão em seus espaços próprios de convivência, seguros e confortáveis, não se importando com o entorno de miséria que está sendo gerado, ditando normas de comportamento e de submissão à bilhões de seres humanos que, se sobreviverem as alterações climáticas, viverão excluídos da riqueza gerada.

O que acima descrevi, sinteticamente, possivelmente acontecerá se nada for feito, nestes instantes finais do tempo que nos resta para tentar salvar o planeta e a humanidade.

O caminho a ser trilhado é único e só será alcançado pela educação universal de qualidade e o comportamento moral solidário. Acreditar que o próximo são irmãs e irmãos, que precisam ser incorporados à nova sociedade global democrática, livre e justa, resgatando o Humanismo, é o que nos resta e temos pouco tempo para fazer o que é preciso.

Eurico de Andrade Neves Borba, aposentado, 81, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, RS, escritor, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, eanbrs@uol.com.br