NÃO SE MEXE EM TIME QUE ESTÁ GANHANDO

Heráclito Suiter*

A intolerância é quase sempre acompanhada por uma incapacidade natural e verdadeira de compreender ou permitir pontos de vista opostos.

Há na psicologia um termo chamado de “compartimento à prova de lógica da adesão dogmática”, um local aonde são depositadas crenças e valores os quais, justamente por esta incapacidade de compreensão, normalmente por deficiência de conhecimento ou por vaidade (esta última muito comum no meio científico e intelectual por relutar em revisão de pontos falhos de suas teses).

Segundo estudos de psicologia realizados por Trotter, isso se deve ao fato de que há uma característica natural da mente humana de aderir às suas crenças como algo racional e ideias e crenças opostas como irracionais. A exemplo podemos citar o caso do homem religioso que acusa o ateu de ser superficial e irracional, e vice-versa, o mesmo ocorrendo em aborgagens de temas políticos e demais assuntos.

Nesse aspecto, um exame revelará o fato de que as diferenças não se devem ao cometimento de meras falácias mecânicas da lógica (estas são facilmente evitadas), a diferença deve-se antes à chamadas suposições fundamentais de hostilidade, normalmente derivadas de ‘sugestão do rebanho’, que foram acumuladas devido aos meios em que eles foram submetidos, e isso pode ser incontestavelmente detectado quando se observa a lavagem cerebral feita pelos meios educacionais e meios de comunicação de massa ao longo de mais de 3 décadas de hegemonia do pensamento esquerdista em nosso país.

Quando ‘lulistas’ chamam ‘bolsonaristas’ de ‘gado’, o fazem como estratégica retórica de ‘esvaziamento antecipado do discurso do oponente’, justamente pelo aspecto acima elencado da lavagem cerebral a qual foram submetidos; esta técnica é orquestrada por coordenadores de campanhas, inclusive para evitar que ‘o verdadeiro rebanho’ seja blindado para que não tomem consciência de que foram manipulados para agirem como massa de manobra política (“acuse os adversários do que você faz, chame-os do que você é.” - Lênin).

Nota-se claramente o espanto e a surpresa da esquerda brasileira ao se deparar com o resultado das eleições no 1º turno; primeiro pela forte inclinação ao pensamento conservador dos eleitores (uma tendência mundial como pode ser demonstrado nas últimas eleições na Suécia e Itália), o que certamente foi mascarado pela hegemonia massacrante das últimas décadas do pensamento esquerdista (gerando acomodação/letargia) sem qualquer oposição dos conservadores mantidos na ‘espiral do silêncio’; segundo, ao fato de que nas eleições de 1º turno, principalmente pelo alto índice de rejeição dos dois candidatos principais, não houve engajamento consistente dos candidatos a governador, câmaras e senado ao candidato da direita, devido à incapacidade (ou parcialidade) de demonstrar a realidade do eleitor nas pesquisas realizadas no período.

Qualquer opinião precisa sobre o resultado das eleições de 2º turmo será tida como precipitada, entretanto, diante de uma análise do comportamento do eleitorado no 1º turno, está mais para vitória da direita, levando em conta que o embate se fará entre aspectos morais (da esquerda) e estéticos (da direita) e, diante da expressiva votação de candidatos mais para ‘ala conservadora’ no 1º turno, valores estéticos pouco se sobrepõe a valores morais, principalmente se levarmos em conta ao teor emocional/emotivo que serão dados em seus discursos, muito mais eficientes do que os de cunho racional (daí se abstrai o persistente discurso infundado da esquerda de querer culpar o candidato de direita das mortes ocasionadas pela pandemia).

Neste caso há um adágio popular que também pode reforçar o meu ‘palpite’: “Não se deve mexer em time que está ganhando”, do contrário seria um retrocesso, um ‘tiro no próprio pé’.

* Advogado (OAB/SC 51075) com pós-graduação em Dir. Ambiental e Dir. Tributário; Jornalista (ABI nº 0510) com pós-graduação em Comunicação de Crises de Instituições Públicas e Privadas; Atuou na área de comunicação, publicidade e marketing de 1993 à 2010.

Para saber mais sobre os temas abordados:

- BERNAYS, Edward. Crystallizing public opinion. 1923. Reprint: Ed.: G&D Media, 2019.

- TROTTER, Wilfred. Instincts of the Herd in Peace and War. 6ª ed. 1921. Ed.: Adelphi Terrace.

- WESTERN, Drew. The political brain: the rule of emotion in deciding. Ed.: PublicAffairs, 2008.

- ANDREAS, Steve. Slix blind elephants: understanding ourselves and each other. v. I. Ed.: Real People Press, 2020.

- HAID, Jonathan. The righteous mind: why good people are divided by politics and religion. Ed.: Vintage, 2012.

- NOELLE-NEUMANN, Elisabeth. The spiral of silence: public opinion - our social skin. 2ª ed. Ed.: University of Chicago Press, 1993.

- MLODINOW, Leonard. Subliminal: how your unconscious mind rules your behavior. Ed.: Vintage Books, 2013.