Caso Marielle: prioridade do governo Lula.

... e o governo do tal "L" já definiu a sua prioridade, a prioridade das prioridades, a prioridade prioritária: solucionar o escabroso caso da trágica morte de Marielle Franco. Parece título de folhetim, de um folhetim folhetinesco, joco-sério, repleto de reviravoltas rocambolescas de fazer cair o queixo já caído de todo filho-de-Deus. É esta a prioridade do atual governo, que ora se inicia, e que irá, e oxalá o futuro me desminta, desgovernar o Brasil, país cuja tradição cultural é o eterno mal governo.

Investir em melhorar o aparato de segurança pública, nem pensar; é perda de tempo: Que se ocupe o governo em decifrar o misterioso mistério da morte trágica da heróica Marielle. Pede o mundo a solução do caso. Que todos os outros cinquenta mil assassinatos que se cometeram em cada um dos dez anos anteriores ao ano que se inicia esperem a sua vez; são desimportantes; em tais casos ninguém valioso para a causa morreu; não perca o governo tempo e dinheiro público com eles.

E o caso daqueles garotos que numa favela carioca foram assassinados porque haviam surrupiado uma gaiola com um passarinho, gaiola e passarinho que pertenciam a um traficante, como é que fica?! Ora, tem o governo uma prioridade, e que nela concentre todos os seus esforços: o caso da Marielle.

Jogando para a torcida, o atual governo dá aos seus apoiadores um presente, com o qual eles poderão se divertir, e com o qual a imprensa e a internet irão se esbaldar. E os outros crimes insolvíveis, milhares deles? Ora, que fiquem para as calendas gregas.

Conta-se que dos Estados Unidos vindo, já desembarcou em Brasília o Augusto Dupin, resolvedor de casos grotescos e arabescos, e que da ilha da rainha desceu, há pouco, em terras brasileiras, o mais que famoso Sherlock Holmes, a tiracolo o sempre elegante Doutor Watson. E da terra da rainha também chegaram o senhor Poirot e a senhora Marple, personagens nossos tão amados. E já se encontram em terras tupiniquins Maigret, Nero Wolfe e Marlowe, detetives fabulosos.

E conta-se, também, que, por meios secretos, chegaram ao Brasil os obscuros e enigmáticos Smiley, Bond, Ryan e Bourne, e no Brasil entraram sabe-se lá por onde. E ninguém sabe por onde eles andam, se pelas terras adustas do Nordeste, se pelos pântanos matogrossenses, se pelas colinas valeparaibanas, se por outras terras deste imenso Brasil, e se estão a degustar, no Sul, de churrasco, no Nordeste, de buchada de bode, no Sudeste, de feijoada, no Norte, de tucunaré com açai. Um certo senhor diz haver reconhecido o tal Bond numa praia do litoral norte de São Paulo, no que foi contestado por uma bela senhora, que, suspirando, apaixonada, disse que era o distinto personagem sir Connery.

Os entendidos em questões detetivescas e espioneiras afirmam, categoricamente, que será infrutífera, vã, a ação dos detetives e dos espiões mencionados acima, pois o caso da Marielle, demasiadamente escabroso, escalafobético, não admite dos investigadores raciocínio lógico aristotélico e cartesiano, tampouco análise psicológica cientificamente válida dos suspeitos, mas deles pede a consciência da sua inconsciência e a ignorância dos meios elementares da ciência detetivesca e espioneira, o que permite ao investigador chegar, por meios errados e absurdos, à solução do caso, e só há um homem, em todo o universo, que possui tal dom: Johnny English, que, infelizmente, por obra do acaso, está, inacessível, em local desconhecido - ninguém sabe por onde tal distinto personagem anda.

Os maiores entendidos em casos escabrosos entendem que o escabroso caso da trágica morte de Marielle Franco não encontrará solução antes do dia 31 de Dezembro de 2.026. Os mais pessimistas declaram que nem além desta data o caso se resolverá, pois ele está envolto em mistérios que fogem ao alcance do entendimento humano.

Oxalá o governo do tal "L" resolva, e logo, tão misterioso caso, para que possa se dedicar às outras prioridades.