Lula, e a fome. Os gordinhos pagam o pato.

Ouvi - e não acredito que meus ouvidos permitiram que as palavras que a eles chegaram fossem ao meu cérebro - que o tal "L", o tal que desgoverna o Brasil, afirmou que no Brasil há muita gente passando fome porque há gente comendo por dois. Ele não se referiu aos gordos; mas pegaram os gordos pra Cristo. Sempre que se fala em comilança e em comilões vêm à mente de todos os tipos mais elefantinos que se possa imaginar.

Conheço pessoas magras, magérrimas umas, ossudas, esqueléticas, que mandam, todo santo dia, para o estômago, um boi inteiro, e conservam, para o meu espanto, a silhueta mais fina do que uma folha de sulfite, e conheço pessoas gordas, que, em um dia comem, no café-da-manhã, um grão-de-bico, no almoço, uma folha de alface, quatro grãos de arroz, um grão de feijão e uma fatia, de um milímetro de espessura, de tomate, e dispensam o jantar, e jamais perdem a formosura de elefante prenha de nove meses (não sei qual o tempo de gestação da fêmea dos efefantes, perdõe-me, leitor, a ignorância: sei que você entendeu a referência). Os gordinhos, coitados! já são apontados, nas ruas, nos bares, nas salas de cinema, como os culpados pela fome no Brasil, e alvos de chacotas! Culpa do tal "L", que inventou mais uma questão para a guerra de classes em nossa sociedade: depois do capitalista x socialista, do empregador x empregado, do pai x filho, do branco x negro, do homem x mulher, e etecétera, e etecétera, e etecétera, e tal, temos o magro x gordo. E nos próximos dias veremos - e eu não me surpreenderei - alguém da turma do amor-venceu declarar, a sinalizar virtudes, indignados com as injustiças que ainda perduram em nossa sociedade, que no Brasil há anões porque há jogadores de basquete, e que há cegos porque há pessoas que enxergam demais, e que há solteiros porque há homens casados que têm amantes, e que há... há... há... Não consigo imaginar outro antagonismo entre classes sociais que porventura venham os justiceiros sociais a conceber. É pobre a minha imaginação.

Num país em que há, segundo a magérrima tartaruga alienígena natureba, cento e vinte milhões de pessoas passando fome, das duas uma: ou o Brasil, ao contrário do que diz a lenda, não produz alimentos para dar e vender; ou, há no Brasil pessoas comendo por três, por quatro, ou por mais pessoas.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 03/03/2023
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