A METÁFORA DA CAVERNA

 

Platão e Schopenhauer disseram que o mundo em que vivemos e o que pensamos em relação a ele são coisas diferentes. Platão criou a metáfora da caverna para exemplificar essa experiência, e Schopenhauer disse que o mundo real é o que a gente tem na cabeça. Ambos disseram a mesma coisa: que há uma diferença incontestável entre a realidade e a visão que nós temos com o mundo em que vivemos.

Isso significa que a realidade de cada um é pessoal, diferente e intransferível, pois ela se apresenta aos nossos olhos através dos sentidos e estes possuem variados graus de absorção que dificilmente são encontrados em outras pessoas.

Não é comum duas pessoas sentirem a mesma coisa em face da mesma experiência. Podem ocorrer aproximações em sintonias muito afinadas, mas exatamente a mesma sensibilidade é muito difícil de ser encontrada. Isso porque cada pessoa tem seu próprio mapa de mundo. E nenhum é mais verdadeiro ou real do que o dos outros. A realidade que eu vejo é minha e a que você vê é sua. Podemos concordar com o que estamos vendo, mas isso ocorrerá apenas e somente se pudermos olhar a coisa pelo mesmo prisma e formos capazes de exercitar tolerância e compreensão com o que cada um vê. Mas dificilmente o que eu sentirei a respeito será igual ao que você sente porque o grau da sua sensibilidade sempre será diferente da minha.

A metáfora da caverna é uma alegoria que busca explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, aprisionados pelos sentidos e os preconceitos que impedem o conhecimento da verdade. Refere-se a um grupo de pessoas que estão presas dentro de uma caverna, de costas para a entrada dela. Eles só conseguem ver as sombras das coisas que acontecem lá fora, que são projetadas pela luz que entra nela. Quando um dos prisioneiros se liberta e sai da caverna ele se depara com o mundo real. Mas ele não pode demonstrar para os prisioneiros a realidade do mundo porque eles não conseguem vê-la como ele a viu. 

O que Platão quer dizer é que a realidade é uma questão de perspectiva. Quem vive preso aos seus dogmas, preconceitos e extremados pontos de vista assemelham-se aos acorrentados da Caverna de Platão. Sair para a luz significa olhar o mundo em sua perspectiva e não apenas em sua planta baixa. Porque quando temos uma visão do todo há mais probabilidades de darmos com a resposta certa porque teremos um número variado de escolhas. É mais difícil acertar quanto só temos uma ou um rol muito pequeno para escolher.

Isso é o que Platão quer dizer por sair para a luz. E vale para o nosso momento político. Enquanto ficarmos só olhando para a direita ou para a esquerda a luz não entrará na nossa caverna. E continuaremos acorrentados na escuridão.