O Brasil e a luz no fim do túnel.

Queiramos, ou não, reconhecer, uma coisa é certa: estamos numa enrascada, e das grossas. Não nos desesperemos, todavia. Há uma luz no fim do túnel. E onde tal luz está? No fim do túnel, ora bolas! E quem nos pôs em maus lençóis? Pedro Álvares Cabral, ninguêm há de negar. Ele está na origem de todos os males que nos atormentam. O que digo?! Digo pouco, e digo mal. Perturbo-me sempre que incorro em injustiças. E ao imputar àquele senhor lusitano que primeiro pôs os pés em terras que vieram os ibéricos a colonizar - e mesmo que não tenha sido ele o primeiro, fica o dito pelo não dito -, sou injusto. Está na origem dos nossos males a imprevidente ação de Eva. E até hoje estamos a comer o pão-que-o-diabo-amassou. Não percamos as estribeiras, no entanto. Não agora, que temos a presidenciar a nação o mais sábio dos homens e a escudá-lo seu fiel braço direito, lídimo agostiniano apolíneo. Estamos em boas mãos.

Vivemos os brasileiros maus bocados - e ponham maus bocados nisso! - desde que o mundo é mundo; em outras palavras, claras, que não admitem leituras contraditórias, ambíguas, controversas, e que não contenham enigmas insolúveis: os brasileiros enfrentamos adversidades sem conta desde sempre, isto é, desde o dia em que do Brasil inscreveram seu nome primitivo na pia batismal. Enfrentou a maior nação do hemisfério sul dificuldades que quase a riscaram do mapa. Resistiu o país a guerras, revoltas, revoluções, crises econômicas, enfim, períodos históricos cataclísmicos, e sobreviveu; e sobreviverá - declaro, sem medo de pronunciar uma asneira sem par, e usando de meu indefectível poder visionário, a antecipar eventos históricos relevantes - às ameaças internas e externas que ora pairam sobre as nossas cabeças. Posso projetar, e o faço com firmeza, certo do que digo, num futuro próximo, uma realidade, que eu hoje a visualizo, paradisíaca no Brasil, um Brasil edênico. E estou certo, repito, que o que eu digo é certo. Ora, estamos sob a égide de uma ideologia maravilhosamente bem perfeitamente concebida pelas mais brilhantes mentes que já pisaram na face da Terra, todas sabidamente sapienciais, cuja fórmula mágica é do conhecimento de entidades políticas e intelectuais que hoje constituem o panteão de heróis que estão a erguer, todos abnegadamente irmanados numa ação universal pelo bem comum de toda a humanidade, uma civilização superior, sem miséria, sem injustiça, sem desigualdade de renda, sem opressão, na qual podemos os indivíduos usufruirmos de ampla, incondicional, liberdade de manifestarmos, e publicamente, se assim o desejarmos, os nossos pensamentos. E alguns povos - tão felizardos! que os invejamos -, sob a ideologia já concretizada, gozam, e gozam deliciosamente, gostosamente, de bens materiais e imateriais que os brasileiros logo teremos o prazer de com eles partilhar. Os cubanos, os venezuelanos e os argentinos que o digam! Está-se a se desenhar um futuro glorioso para os brasileiros. Quem viver verá!

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 25/04/2023
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