EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO É MODISMO- EDUCAÇÃO AMBIENTAL É DIREITO HUMANO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO É MODISMO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL É DIREITO HUMANO.

VALÉRIA GUERRA REITER

O ambiente muda naturalmente, e também pela ação permissiva da espécie humana, que especialmente a partir da Industrialização viu tal condição crescer em menos de três séculos. De forma antrópica, ou não antrópica a natureza se transforma. Há problemas e conflitos ambientais no entorno da natureza.

Segundo Carvalho e Scotto, o problema ambiental é uma situação em que há risco de dano social ou ambiental. O risco se dá sem reação por parte dos atingidos. Já o conflito ambiental ocorre frente às controvérsias entre os atores da sociedade civil e em torno da utilização ou gestão do meio.

Hoje, especialmente no Brasil, vivenciamos uma fase antropomórfica de peso, ou seja, a administração real parece virtual, em relação ao nosso Meio Ambiente, já que (visivelmente) o estão transformando em um subproduto.

Bem, o planeta Terra passou por cinco grandes extinções. Há 440 milhões de anos, no período Ordoviciano. Quando metade das formas vivas foi extinta. Ao final do Período Permiano, há 245 milhões de anos, 96% da vida do planeta expirou, e após o cataclismo: surgiram os dinossauros, em meio aos répteis, que já prosperavam neste período.

Depois, há cerca de 210 milhões de anos, ocorreu a Quarta grande Extinção, que arrasou a maior parte dos vertebrados do planeta, e então os dinossauros proliferaram...

A Quinta Extinção em massa, sobreveio há 65 milhões de anos, no período Cretáceo, ocasionando 50 por cento de decesso das populações orgânicas, inclusive dos dinossauros.

Consumo e crescimento populacional alavancaram sobremaneira o impacto desestruturante causado pelo Homo sapiens sobre os Ecossistemas, e talvez estejamos rumando para uma nova extinção por força da entropia.

O compromisso com o Sistema Ecológico, não ocorre englobado a vida individual ou em sociedade. O Homem parece esquecer que sua humanidade advém de um Meio Externo. Ele tende a realizar representações, e com isso ele se acostumou com o seu Sistema Cultural criado em sua gênese psicológica e filosófica.

O mico-leão-dourado, por exemplo, é um sagui que se alimenta de insetos, ovos de aves, e de frutos. No primeiro caso a população de aves, é controlada, e em relação aos frutos, ocorre um aumento na taxa de polinização de sementes, o que auxilia no equilíbrio do bioma: Mata Atlântica. A espécie, que há décadas fora imperiosa no habitat referido, esteve à beira da falência no século XX.

Tráfico e perda do habitat, são os principais motivos que levaram ao quase desaparecimento dessa bela espécie nativa que em 1970, contava apenas com 200 indivíduos. E a salvaguarda para a não extinção do mico veio através de ações como a do primatólogo Adelmar Coimbra Filho, que tive o prazer de conhecer quando fiz minha Monografia da primeira graduação no Curso de Ciências Físicas e Biológicas (em fins dos anos Oitenta); o especialista foi criador da primeira Reserva biológica em Poço das Antas, e da AMDL (Associação Mico - Leão - Dourado) que trata do manejo e preservação da espécie. O último Censo de 2014 indicou a existência de 3.400 saguis em ambiente natural.

Existem concepções prévias ao ensino, que estão frequentemente em desacordo com a conceituação formal, este pensamento é de Axt. Já o ponto de vista defendido por Ruscheinsky é que a Educação Ambiental, com o objetivo de problematizar as condições de existência, necessariamente penetrará no terreno das representações sociais. Podemos concluir que a Educação Ambiental, não é um modismo passageiro, ela é condição sine qua non à vida.

A primeira natureza: caótica, selvagem e aterrorizante fazia o ser hominídeo tornar-se atacado em toda a sua pele. E ele inicia um processo de luta e resistência, com o objetivo de domá-la. Há um imperialismo na natureza que a transforma no inimigo número um (do recém-chegado humano) em um planeta (ainda) inóspito. Com o passar do tempo.

O Homem percebe que fora a natureza que lhe forneceu os instrumentos para a criação ou invenção das tecnologias “de” e “para” o seu conforto como a madeira que alimentou o advento do fogo que atenuou a sua sensação de frio ou ausência de calor. Hoje, um universo de árvores já não existe, e tal fato não ocorreu para extinguir a gelidez, mas sim para retroalimentar um sistema industrial que fazia e faz do lucro fácil sua pior natureza (tipo de princípio). E assim, a natureza passa de deusa perfumada à matéria-prima capitalista.

O homem que habitava respeitoso a terra mater e lhe prestava culto, passa a submetê-la ao mero âmbito de exploração: e cada vez que uma nova invenção surgia, mais ferro, madeira, silício e servidão se faziam necessários para o bel-prazer dos espoliadores.

“Bolhas” de homens e mulheres entenderam que o nascimento de muitos seres ocorria apenas com o objetivo de fazer crescer a massa de manobra que enriqueceria uma minoria (escolhida por Deus) e nascida no reinado infecundo e ocioso da dominação por castas e classes. Jacquard, defendia o “Direito divino dos reis”, e legou essa teoria às gerações que acreditam na soberania de uns sobre outros. A concentração de poder na mão de um rei, por meio de uma política que zela pela subalternidade.

Segundo Maquiavel (2010) “Ser temido é bem mais seguro do que ser amado”, a antológica frase do (também) teórico do absolutismo Nicolau Maquiavel demonstra o quanto nossa trajetória, aparentemente evolutiva, faz parte de um sistema desigual e combinado.

E então a sociedade brasileira possui discernimento para entender se teme ou ama seus governantes que se auto protegem nas cavernas quentinhas dos três Poderes?

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 31/05/2023
Reeditado em 31/05/2023
Código do texto: T7801733
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