A constituição étnica do povo brasileiro.

Numa era antiga, muito antiga, pés lusitanos aqui a desbravarem as florestas ainda livres, em sua maior parte, da presença humana, gente por aqui já andava: os guarani, os jenipapo-kanindé, os enawenê-nawê, os mebengôkre kayapó e muitas outras gentes, todas a irem daqui para lá e de lá para acolá às vezes, ao infortunadamente encontrarem-se em algum canto deste vasto território, estranhando-se, matavam-se.

Ainda no século XVI, dois portugueses casaram-se com mulheres nativas: Diogo Álvares Correia, o Caramuru, com Catarina (ou Guaibimpara) Álvares Paraguaçu, a Matriarca do Brasil, e Jerônimo de Albuquerque, com Muira Ubi, que veio a receber o nome cristão Maria do Espírito Santo Arcoverde.

O tempo passou.

E para o Brasil, terra mal e mal povoada, vieram, além de de Portugal portugueses (que descendem de mouros, celtas, visigodos), da França franceses (descendentes de ligures, burgúndios, francos, viquingues normandos), e da Inglaterra ingleses, e da Holanda holandeses, e da Espanha espanhóis, e da Latvéria latverianos, e da África, de onde hoje é o Sudão, a Nigéria, a Guiné e Wakanda, os iorubas, os fanti-ashanti, o haussas, os fula-mandinga, e gentes das Arábias, da Ásia, de Lilipute e da Atlântida.

Da associação carnal entre homens brancos europeus e mulheres dos povos que aqui viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral e da entre mulheres européias e homens destas terras os primeiros nasceram os mamelucos, os curibocas, e da conjunção de corpos entre homens que vieram da África e mulheres que chegaram da Europa e da entre mulheres vindas da África e homens provenientes da Europa, os mulatos, os pardos, e do intercurso amoroso entre homens de origem africana e mulheres nativas destas terras e do entre mulheres oriundas da África e homens que aqui viviam desde o tempos das cavernas, os cafuzos.

E chegaram nestas terras, as nossas, levas e mais levas de gente que, saída dos quatro cantos das Terra, atravessaram os sete mares: japoneses, ucranianos, poloneses, chineses, mongóis, russos, egípcios, israelenses, iranianos. E aqui se misturaram. E é o povo brasileiro, da fusão de povos tão distintos, de tal diversidade étnica que a todos espanta. E agora, mais do que de repente, como que num passe de mágica, como se tivessem bebido chá-de-sumiço, ou cheirado pó de pirlimpimpim, desapareceram os tipos os mais diversos que compõem a sociedade brasileira, e só restaram o negro e o branco. Que fenômeno estranho aconteceu no Brasil?!

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 10/10/2023
Reeditado em 10/10/2023
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