As palavras intimidadoras.

Sempre que deseja impôr-se a todos e fazer valer a sua vontade, o senhor Fulano de Tal insere nos seus discursos uma palavra-chave, uma palavra-senha, que há, sabe ele, ladino que é, de intimidar os pacatos.

Tem o senhor Fulano de Tal uma idéia infernal, que, colocada em prática (para mim tanto "colocada em prática" quanto "posta em prática" são anti-estéticas), prejudicará, enormemente, a economia de um país, jogando milhões de pessoas na mais completa miséria. E é o seu objetivo desgraçar a vida de todo mundo. E sabe ele que as pessoas irão esbravejar, protestar. Então o que faz o distinto colega? Diz que com a sua brilhantemente devastadora idéia combate o racismo, defende o meio-ambiente, acaba com a desigualdade social - para resumir, ficamos nestes três. As palavras-chave são "racismo", " meio-ambiente", "desigualdade". Bingo! Se a idéia do senhor Fulano de Tal é contra o racismo, então toda e qualquer pessoa que vá contra ela é racista; se tal idéia protege o meio-ambente, então quem lhe torce o nariz é um irresponsável destruidor do planeta; se ela acaba com a desigualdade (de renda, social), então quem não a vê com bons olhos (principalmente os estrábicos, os míopes e assemelhados - que me perdõe o leitor a piada trocadilhesca sem graça fora de hora: não resisti) é um agente capitalista malvadão que quer que todas as pessoas comam o pão-que-o-diabo-amassou.

E a coisa é ainda pior! É?! E pode ser pior?! Pode. Além de com as palavras-senha proteger as suas tolas idéias, o senhor Fulano de Tal está a se blindar. Um exemplo me vêm a mente: há poucos meses, um pouco mais de um ano, um distinto senhor, garboso e esbelto, carismático como nenhum outro, hoje serviçal da primeira não sei o que que está sempre de braços dados com o tal Éle, proferiu, de viva voz, um discurso em cujo corpo inseriu frases lapidares nas quais afirma que o tal Éle representa, mais do que ninguém, do povo os sentimentos de esperança, e a própria democracia. Ora, ora, ora! Se o tal Éle representa o que o tal criado da dona dele disse que ele representa, então quem se lhe opõe se opõe automaticamente às esperanças do povo brasileiro e à democracia. Neste caso, o garboso camareiro do casal real está a blindar a sua chefe e o esposo dela - na pretensão de, penso, estar a se blindar, afinal é o empregado de estimação do casal.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 03/02/2024
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