Análise da “Manifestação” e Discurso do Bolsonaro

A princípio, o que mais me chamou a atenção nos 180 mil antidemocráticos que compareceram à Avenida Paulista no último domingo foi a ausência de jovens. Os manifestantes eram todos sub-70, muito provavelmente saudosos do tempo da ditadura, um cenário muito diferente das manifestações em todo o Brasil em 2013, onde a maioria era composta por jovens.

E a cor dos manifestantes, predominantemente branca e alva, se contava nos dedos os pretos e pardos. Muito diferente da pluralidade étnica do Brasil. A manifestação, portanto, não representava o Brasil.
 

Outro ponto de destaque é como um interesse privado, como o de Malafaia, ocupa o espaço público e as forças policiais, paralisando a vida da avenida, tudo em prol dos interesses escusos de um cidadão.
 

O número de pessoas presentes era grande, embora muito menor do que as 750 mil divulgadas pela segurança de São Paulo, o que equivaleria a sete Maracanãs. Alguém em sã consciência acreditaria que todas essas pessoas caberiam na Paulista? Os manifestantes não chegaram a ocupar todos os 11 quadros da avenida, completando apenas cerca de 4 com pontos espalhados de pessoas, muito longe do auge do bolsonarismo.
 

O saldo final é mais negativo para Bolsonaro do que antes das manifestações, pois ele acabou admitindo ter conhecimento da minuta do golpe, embora argumente que não é golpe se estiver dentro da constituição, provavelmente se referindo à situação extraordinária de estado de defesa ou estado de sítio. Ele não menciona que esses casos ocorrem apenas em situações extremas, como catástrofes ou situações de guerra, não sendo simplesmente a perda da eleição para Lula, democraticamente, como foi o caso que ele queria aplicar o golpe. Essas declarações serão anexadas ao inquérito do Supremo, e certamente ele se complicará.
 

Vergonhoso também é como o bolsonarismo atrai toda sorte de seres abjetos, como o jornalista de extrema direita português que se opõe à vacinação de bebês. É uma escoria anti-vacina, obscurantista e reacionária, anti-ciência.  Chama atenção também os políticos inexpressivos no cenário nacional apoiando Bolsonaro, muitos dos quais até meio que se sentindo constrangidos por estar presentes nesse evento, tentando ocupar o espaço de Bolsonaro que será deixado por sua inelegibilidade, mas sem se comprometerem muito.

 

 

Os ataques ao Supremo, guardião da Constituição, ficaram a cargo de um líder religioso mais político, que prevê que a prisão de Bolsonaro em breve o fortalecerá em vez de enfraquecê-lo. Por fim, a vergonha é completada pelo pedido de anistia aos terroristas que invadiram, depredaram e praticaram até atividades escatológicas no Congresso Nacional em 8 de janeiro. O discurso inicial não era atribuir essa invasão a Lula? Como agora Bolsonaro pede anistia para os vândalos, confessando mais uma vez que os invasores eram apoiadores seus e que respaldavam o golpe de estado, assim como a suscia presente no último domingo nas ruas da Paulista? Em breve, essas questões serão respondidas com a prisão desse mandrião.

Dave Le Dave II
Enviado por Dave Le Dave II em 27/02/2024
Reeditado em 27/02/2024
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