O silêncio que apaga o passado condena o futuro?

“O dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos às suas famílias, devemos a todos os brasileiros. E continuou: “Lembrar e contar faz parte, é um processo muito humano e faz parte desse processo”.

(Dilma Rousseff, 31/03/2014, em discurso oficial)

O trecho acima faz parte de um discurso proferido em 2014 pela então presidenta Dilma Rousseff acerca do golpe militar de 1964. Dilma, uma das muitas mulheres torturadas durante o período tenebroso de nossa história, manteve a cabeça erguida e olhou seus inimigos nos olhos.

Hoje o golpe militar completa sessenta anos e a postura do atual presidente é outra: Silêncio. Nenhum pronunciamento oficial de repúdio ou memória por parte do governo e uma suposta promessa de que os militares também irão manter o silêncio e se abster de comemorações. Ação tomada em nome da governabilidade? Uma tentativa de “reaproximação” com as forças armadas? Pode até ser. Aparentemente, em nome da governabilidade, na democracia burguesa, os homens têm que reduzir-se a répteis, escorregadios, fugindo de batalhas e se escondendo pelos cantos. Tem sido assim com pautas ecológicas que precisam de uma atuação mais firme por parte do governo e será assim hoje, com o silêncio oficial apagando pouco a pouco a memória daqueles que perderam a vida lutando pela democracia.

O silêncio sobre a pauta ambiental e a manutenção de um discurso desenvolvimentista, baseado na produção acelerada e no capitalismo condenam nosso futuro. O apagamento do passado nos condena a repeti-lo, como já dizia o filósofo George Santayana. E não seria a repetição do passado também uma condenação do nosso futuro?

Se o governo Lula erra ao não lembrar o triste período instaurado em 31 de março de 1964, lembremos nós. Falemos sobre o assunto para que não seja esquecido, para que não se repita.

64 nunca mais!