Religião é coisa séria

Alguém poderá achar estranho o fato de estar eu fazendo uma afirmação tão óbvia, para provar exatamente aquilo que todos acreditam, onde eu corro o risco de fazer “chover no molhado”, podendo assim estar demonstrando uma boa dose de falta de criatividade. Acontece que, desde a primeira palestra, o primeiro livro e a primeira crônica, tenho me empenhado em levar ao maior número possível da irmandade humana a divulgação da hipermoderna filosofia de vida oriental. Essa revolucionária filosofia foi preconizada pelo Grande Mestre Mokiti Okada (1882/1955), filósofo, cientista, jornalista, empresário, artista plástico e, principalmente, mestre-fundador de uma entidade filosófico-religiosa (1935), no Japão, já respeitada mundialmente pela clareza dos seus conceitos e revelações, à altura do terceiro milênio. Tais ensinamentos vêm completar e aclarar os fundamentos religiosos de muitos credos milenares, em nível de “pós-graduação”, sem dogmas, sem proibições ou obrigações, sem preconceitos, sem favores e temores, mas de forma totalmente pragmática e transparente.

Temos de nos convencer, de uma vez por todas, que religião é coisa séria, porque é unicamente através do nosso aprendizado sobre a espiritualidade e a nossa missão de vida, é que poderemos atingir níveis de iluminação, conforme projetado e orquestrado pelo Criador, desde o início dos tempos. Para os que se propuseram a atingir essa meta, nadando a favor da correnteza, Ele mandou os necessários grandes mestres, nas épocas e locais determinados, trazendo ensinamentos esclarecedores sobre a conduta do ser humano, para chegar lá; só que nós nos encontrávamos no nível de “escolaridade” de primeiro grau e as revelações teriam que ser mostradas de maneira a atingir a compreensão dos homens, nem que fosse através de dogmas e mistérios, com participações em inúmeros rituais e louvações, preconizando o ato de nos colocarmos em posição de tementes a Deus.

Hoje, após muitos tropeços e várias encarnações, não acreditamos mais no bicho-papão ou na fada-madrinha, assim havendo a necessidade da abertura sobre os mistérios intransponíveis, sob pena da religião se tornar algo parecido com superstição, como tem acontecido atualmente, sendo seguida cegamente por fanáticos ou desrespeitada por céticos e “intelectuais”. O maior problema da humanidade é o ateísmo, que está alimentando com toda força a tendência do ser humano em se colocar na posição de “dono da verdade” ou “senhor da criação”, achando que tudo se resolve através da ciência materialista e do crescimento desordenado do PIB, esculhambando de vez com a vida do Planeta!

A permanência “ad infinitum” dos dogmas sagrados e dos mistérios herméticos dão margem para a exploração da crendice popular por qualquer aventureiro que resolva fundar uma religião, começando em uma porta de garagem, para chegar, em bem pouco tempo, a uma grande potência econômica, “colaborando” assim com o atraso do desenvolvimento espiritual de muita gente. A religião está sendo levada na brincadeira, ou pelo fanatismo cego, ou ainda, o que é pior, está sendo um meio de enriquecimento ilícito por espertalhões, conforme muitos exemplos por aí.

Como alguém pode admitir que um lugar considerado sagrado, em virtude das ações de louvações ao Grande Mestre Jesus, possa vir abaixo, demonstrando total falta de proteção divina para com os fiéis? Como é possível aceitarmos os argumentos de um sacerdote dirigente, quando ele denomina de “fatalidade” tal acontecimento, como se tudo fosse obra do acaso, sem interferência de Deus? E os “donos” da tal religião, que estão detidos no exterior pelo porte clandestino de muito dinheiro, na passagem pela alfândega norteamericana? _Essa é a moral de um arauto do Senhor? Realmente, o Mundo está à deriva!

A estupidez humana chega a ultrapassar os anais da lógica e da racionalidade quando o homem se posiciona como justiceiro dos deuses e parte frontalmente para uma “guerra santa”, desrespeitando e, se julgar necessário, matando e aleijando seus semelhantes, para difundir sua própria crença, em detrimento das outras, as quais ele as reputa como coisa do demo! Assim fica muito difícil descobrirmos onde se encontra o limite entre o fim do humanismo e o começo da selvageria.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 27/07/2009
Reeditado em 17/10/2011
Código do texto: T1721798